segunda-feira, 22 de junho de 2009










In versos

A gente inventa tudo
Mas de repente
A coisa se inverte
E tudo se inventa.
Fico vesga no engenho de idéias
Eu dentro dele
Ele dentro de mim
Os sentimentos são as portas
O meu corpo só a casca
Tudo entra e tudo sai
O que mata me nasce
Como o que nasce me mata
Fico miúda para ver o alto
Lá de cima avisto o espaço
Se quero ver o plano
Fico gigante para
olhar pra baixo

Dani Morreale

engenho 484
para Jiddu Saldanha

arrancar do gesto a palavra chave
da palavra a imagem xis
tudo por um risco
tudo por um triz

o trem bala
cospe esqueletos
no depósito da central
fuzil pode ser nosso brinquedo

- novo enredo - para
o próximo carnaval.

Artur Gomes

Morreale
para Danielle Morreale

Dani-se
se ela me pisar nos calos
me cumer o fígado
me botar de quatro
assim como cavalo
galopar meus pêlos
devorar as vértebras

Dani-se
se ela me vier de unhas
me lascar os dentes
até sangrar meu sexo
me enfiar a faca
apunhalar meus olhos
perfurar meus dedos

Dani-se
se o amor for bruto
até mesmo sádico
neste instante lírico
se comédia ou trágico
quero estar no ato
e Dani-se o fato
deste sangue quente
nas veias dos infernos
deixa queimar os ossos
eexplodir os nossos
poemas
pós modernos

a vida pesa quando vale
Dani-se: Morreale

Artur Gomes

Profanalha NU Rio

a flecha de São Sebastião
como ogum de pênis/faca
perfura o corpo da Glória
das entranhas ao coração

do Catete ao Largo do Machado
onde aqui afora me ardo
como bardo do caos urbano
na velha aldeia carioca

sem nenhuma palavra bíblica
ou muito menos avária:

- orgasmo é falo no centro
lá dento da Candelária

Artur Gomes

Goytacá Boy

gosto de cumer
a traça
e se és parte da raça
nesta selva
vira caça
se és humana
e ultrapassa
a espécie
do que caço
estás salva
dos meus dentes
mas se ainda
és curuminha
por onde vais e caminha
entre a cidade
e o matagal
pode inspirar
meu samba/enredo
e desfilar
entre os meus dedos
onde tudo é carnaval

Artur Gomes

guaraná com isso aí

anote book
onde diz livro e vá pra New York
se enforque nos braços da liberdade
que auto se proclama
way of life mas your life
é sempre uma knife
de dois gumes
e aproveite
a nova liberdade
troque suas havaianas
por um nike
de um rolê no central park
e esqueça o ibirapuera
pela quimera
tua afro-tupy brasilidade
que vire cherock
e num big macand chery-cok
e à vontade
e aos domigos
lembre os sambas mais antigos
e escute apenas o som dos gringos
again to play in your head
assim aprende bem a língua
enquanto míngua e aí my brother
da tua língua mother
só restará a palavra saudade!

rodrigo mebs

Marçal Tupã

meu coração marçal tupã
sangra tupi & rock and roll
meu sangue tupiniquim
em corpo tupinambá
samba jongo maculelê
maracatu boi-bumbá
a veia de curumim
é coca cola & guaraná

Artur Gomes

Preservamostra

Indiasmim qualquer cacique
aos belos vales o horizonte vale
Gota cá tantos Goytacás
água salgada em rios doces
nos olhos puros de mares agridoce
desgastados sem lares
em tocas parceladas
inagualadas
o capital do estrangeiro
o maltrato albardeiro
ó! Marubo, Arara, Gavião
280 mil índios no Brasil anfitrião
conserve a língua, brasileiros!
Não somos Portugueses.
tome o leite do vosso peito
filho original. Brasil real.
somos índios: o original!
na caça primitiva o vão da vida dá
as penugens rugem em vestes nudes
a verdade faminta fora hipocrisia
que demonio-cracia?!
sopro do vento canta os ouvidos atentos
ó verdadeiros, preservem.
Preservamostra e vinde a mim
as Indiasmim.

Dani Morreale
http://danymorreale.blogspot.com/

terra/mãe

agora que pairas sobre o tempo
quando o tempo ainda é tempo
ou quando invento no meu corpo
este teu tempo de existir
e reInvento o que ainda não existe
ou quando o tempo já se foi
sem sequer se existisse
ou se não visses tudo em ti
se já passou

agora mãe
é quando terra ainda me lembro
de algum tempo
na ferrugem que ficou
roendo os ossos dos meus dedos
não tenhas medo
de dizer que ainda é cedo
se alguma lágrima
sai do tempo que brotou

Artur Gomes

antropofagicamente
cumer or not cumer?:
this is the question

se é para matar a fome aline
se é para matar a sede alice
se é para cumer teu nome
metáfora tropicana
lambe a tropicAnalice

com as letras que restar do sobrenome
reInvento a tropicália
vais me ter em sagarana
mordo teus lábios de cigana
e só tua boca me define

artur gomes


20 de fevereiro

fosse quântico esse dia
calmo
claro
intenso
inteiro
20 de fevereiro
sendo assim esperaria

mesmo que em meio a tarde
tempestades trovoadas
insanidades
guerras frias
iniquidade
angústia
agonia
mesmo assim esperaria

20 horas
20 noites
20 anos
20 dias
até quando esperaria?

até que alguém percebesse
que mesmo matando o amor
o amor não morreria

Artur Gomes

Nenhum comentário:

Postar um comentário