segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

A Traição das Metáforas 8, 9 e 10





A Traição das Metáforas 8


um cavalo marinho cavalga entre as suas coxas federika não conseguia
conter o êxtase dentro do mar de búzios cada jogo era gozo em profusão como uma menina em seu primeiro cio com receio olhou a praia quando viu macabea oculta entre o ciúme os mariscos tentando esconder-se na areia molhada depois da primeira arrebentação quando o veneno de um ferrão de arraia atravessou a porta do assombradado federika sorriu feliz agora com peixes multi coloridos passeando em sus costas entrando pelos poros como quem acende o fogo em todos os cantos escuro da casa seu corpo iluminado  uma constelação celestial ali naquele mar de ostras em que ela sonha dar a luz um dia




A Traição das Metáforas 9


mc brinca de mal-me-quer bem-me-quer o mistério está dentro do corpo quando pulsa nas duas letras do alfabeto sem gramática qual será a pétala que  desfolharei entre os seus dedos m desconfia da santíssima trindade pai filho espírito santo c tem o signo de gêmeos tatuado nas costas ao lado do ombro esquerdo quando nua se instala diante do espelho para ver o quando no seu  corpo cresce um girassol entre os joelhos a rosa púrpura do cairo m tem uma borboleta na ponta do nariz e se assusta quando nas entrelinhas do poema falo do segredo







A Traição das Metáforas 10

mc tinha uma flor na boca quando a encontrei dentro do cerrrado no planalto central do país quando me viu m colocou a flor do lado esquerdo do rosto c me arrastava nas asas do avião para o outro lado da ponte do lago zul onde lourenço de bem inaugurava sua última instalação concreta lilia diniz cozinhando doce de goiaba como fazia cora coralina e no meu colo alice me chamava de pai e carinhosamente me beijava a orelha direita enquanto engels espíritos sacava da trincheira seu portifólio de gaitas e num sopro sioux selvagem estremeceu o mar de árvores toras onde m me esperava já com a flor no umbigo e com suas unhas vermelhas c cantarolava por enquanto vou te amar assim admirando teu retrato pensando a minha idade e o que trago da cidade embaixo as solas dos sapatos

Artur Gomes                     

sábado, 19 de janeiro de 2013

congresso brasileiro de poesia - lançamentos




CONGRESSO BRASILEIRO DE POESIA PROMOVE SESSÃO DE AUTÓGRAFOS NA LIVRARIA ARGUMENTO LEBLON

Em sua vigésima primeira edição, o Congresso Brasileiro de Poesia é um dos mais tradicionais e longevos festivais de poesia do Brasil e também da América Latina. Realizado anualmente na cidade gaúcha de Bento Gonçalves, o evento caracteriza-se por sua programação voltada em sua maior parte para as escolas do município, atingindo um público aproximado de 25 mil pessoas.

Entre os inúmeros projetos que compõem o evento, destacam-se:“Poesia na Escola”, que consiste na distribuição de livros de poesia aos alunos como forma de incentivo à leitura, “Autor Presente na Sala de Aula”, que leva os autores para as escolas, e “Poesia na Vidraça”, no qual os estabelecimentos comerciais cedem espaços em suas vitrines para a escrita de poemas, os quais, em muitos locais, permanecem intocáveis ao longo do ano seguinte.

Em suas vinte edições já realizadas o Congresso Brasileiro de Poesia levou a Bento Gonçalves grandes nomes da poesia das três Américas e também da Europa, publicou 16 volumes da coleção“Poesia do Brasil”, 9 da coleção “Poeta, Mostra a Tua Cara”e distribuiu mais de 20 mil exemplares destes livros junto às escolas e comunidade bento-gonçalvense.

No próximo dia 22, a partir das 18 horas, acontece o lançamento oficial da edição 21 do evento e dos volumes 15 e 16 da coleção“Poesia do Brasil”, na Livraria Argumento do Leblon, Rio de Janeiro, seguidos de um grande sarau.

Marina Colasanti é a escritora homenageada do evento neste ano, que acontece entre os dias 30 de setembro e 5 de outubro, na capital brasileira da uva e do vinho e também maior polo moveleiro do país.


Proyecto Cultural Sur Brasil

Ademir Antônio Bacca - Presidente
Artur Gomes - Coordenador Nacional de Literatura e Áudiovisual
May Pasquetti - Coordenadora Nacional de Marketing

contatos: 
adebach@gmail.com
poebrasoficial@gmail.com
portalfulinaima@gmail.com
                 

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

manual para assassinar frangos




Manual Para Assassinar Frangos


Às vezes, era o Rio Paraíba do Sul
que desmesuradamente crescia.
E as ruas ficavam cheias de escorpiões,
cobras d´água, lacraias com mil pernas...
parecia um monstro epiléptico e barrento
numa corrida maluca até o mar.

A gente torcia para que o rio subisse mais,
cada vez mais,
para que alguma tragédia
se consumasse, como no cinema.

Queríamos ver casas desabando,
árvores arrancadas à força,
as meninas, descalças,
impedidas de ir à missa dominical,
bêbados patinando no caos,
arrastados até a foz de Atafona,
numa infinita poça de lama e cuspe
que mandávamos para o céu.

Estávamos prenhes de vida
e queríamos a morte de mentirinha.
Sonhávamos com o apocalipse doméstico,
com a bomba asfixiando nossos
pré-sonhos.

O primeiro amor estava ao lado,
nas aulas do Liceu que, às vezes,
assassinávamos
com delicado prazer.

No verão de 66,
o rio ficou irado de verdade,
se emputeceu, invadiu o baú
onde eu guardava meus gibis
trocados antes das matinês do Cine Coliseu.
Adeus minha coleção
tão preciosamente inútil
de David Crocket, Buffalo Bill, Zorro,
Rock Lane, Cavaleiro Negro e etc.

E me lembro dessa grande enchente,
da aniquilação dos pessegueiros,
das parreiras, dos limoeiros, dos frangos,
da horta que minha avó tão bem cuidava.
Abius, mangueiras, bananeiras,
caramboleiras, formigas,
tudo se foi com o rio,
com essa referência geográfica
e conceitual
que ainda hoje tento traduzir.
Tudo se foi com o boi morto
no meio da correnteza,
coberto de urubus.

E no radinho de pilhas de s´eu Bertolino
(que, em uma canoa, ajudava as famílias
a recolherem seus pertences),
os Beatles cantavam “I want a hold your hands”.

Comecei a crescer com os Beatles
(e eles comigo),
a respeitar o rio e a temer s´eu Leleno,
meu vizinho e flamenguista doente,
que nas tardes de domingo,
quando o seu time perdia, enfiava a porrada
na Dorotéia, sua mulher - e maior torcedora
do Flamengo, por motivos amplamente justificados.

Também havia a Josete,
que ajudou a me descriar
e que tinha um namorado chamado Jomar,
um refinado sem vergonha.
Em 62, o Brasil foi bi-campeão
e Josete imaginava
Jomar fazendo gols nela.
Se Josete gozava, o fazia discretamente,
como os anjos gozam.
No silêncio.

Josete, que hoje é avó,
era filha de Neco Felipe,
um negro caolho e feliz,
que organizava os forrós
em Conselheiro Josino,
interior de Campos dos Goytacazes.
Forrós animados com cachaça, lampiões,
sanfona e alguma voz desdentada,
uivando para a Lua, nas quentes
madrugadas.

Além de Neco Felipe,
conheci outras pessoas felizes
que moravam naquela vila
no verdadeiro cú do mundo,
entranhada na miséria e nos canaviais
(os dois sempre andaram juntos),
com um cemitério
na beira da estrada.

Minha cabeça

se embaralhou toda:
- como é que as pessoas
podiam ser felizes
em Conselheiro Josino ?

Como é que as pessoas
podiam ser felizes
naquela merda,
ao lado de um cemitério
mambembe,
perto de um rio carregando tudo?

Como é que as pessoas
podiam ser ?

Mas as pessoas
eram
e algumas até se
foram.

Martinho Santafé
Poema vencedor do III FestCampos de Poesia Falada, Campos dos Goytacazes-RJ, agosto-2001.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

congresso brasileiro de poesia - lançamentos




CONGRESSO BRASILEIRO DE POESIA PROMOVE SESSÃO DE AUTÓGRAFOS NA LIVRARIA ARGUMENTO LEBLON

Em sua vigésima primeira edição, o Congresso Brasileiro de Poesia é um dos mais tradicionais e longevos festivais de poesia do Brasil e também da América Latina. Realizado anualmente na cidade gaúcha de Bento Gonçalves, o evento caracteriza-se por sua programação voltada em sua maior parte para as escolas do município, atingindo um público aproximado de 25 mil pessoas.

Entre os inúmeros projetos que compõem o evento, destacam-se:“Poesia na Escola”, que consiste na distribuição de livros de poesia aos alunos como forma de incentivo à leitura, “Autor Presente na Sala de Aula”, que leva os autores para as escolas, e “Poesia na Vidraça”, no qual os estabelecimentos comerciais cedem espaços em suas vitrines para a escrita de poemas, os quais, em muitos locais, permanecem intocáveis ao longo do ano seguinte.

Em suas vinte edições já realizadas o Congresso Brasileiro de Poesia levou a Bento Gonçalves grandes nomes da poesia das três Américas e também da Europa, publicou 16 volumes da coleção“Poesia do Brasil”, 9 da coleção “Poeta, Mostra a Tua Cara”e distribuiu mais de 20 mil exemplares destes livros junto às escolas e comunidade bento-gonçalvense.

No próximo dia 22, a partir das 18 horas, acontece o lançamento oficial da edição 21 do evento e dos volumes 15 e 16 da coleção“Poesia do Brasil”, na Livraria Argumento do Leblon, Rio de Janeiro, seguidos de um grande sarau.

Marina Colasanti é a escritora homenageada do evento neste ano, que acontece entre os dias 30 de setembro e 5 de outubro, na capital brasileira da uva e do vinho e também maior polo moveleiro do país.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

cabeças cortadas

cabeças cortadas


Sargaço em tua boca espuma

em armação de búzios
 tenho um amor sagrado
guardado como jura secreta
que ainda não fiz para laís
em teus cabelos girassóis de estrelas
que de tanto vê-las o meu olho  vela
e o que tanto diz  onda do mar  não leva
da areia da praia onde grafei teu nome
para matar a sede e muito mais a fome
entranhada  na carne como flor de lotus
grudada na pele como tatuagem
flutuando ao vento como leve pluma
no salgado corpo do além mar afora
sargaço em tua boca espuma
onde vivem peixes  - na cumplicidade
do que escrevo agora

queimando em mar de fogo

Entridentes

queimando em Mar de Fogo
me registro
lá no fundo do teu íntimo
bem no branco do meu nervo
brota uma onda de sal e líquido
procurando a porta do teu cais
teu nome já estava cravado
nos meus dentes
desde quando sísifo
olhava no espelho
primeiro como Mar de Fogo
registro vivo das primeiras era
segundo como Flor de Lotus
cravado na pele da flor primavera
logo depois gravidez e parto
permitindo o Logus quando o amor quisera


arturgomes
fulinaimagem cine vídeo poesia

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

T e c i d o

 


T e c i d o

Asa de poema – anzol
para fisgar
na mesa uma linha

um fio grafado de corda
cortes-recortes
a tessitura do nó

e a lâmina de Urano
faz legenda de
papiro no etéreo: foz

move-se a areia na vertigem:
duna
dali se extrai o néctar
de pedra

pêndulo e farol
hipótese de concha
e tempo

Beatriz Helena Ramos Amaral

In Poesia do Brasil Vol. 15
Proyecto Cultural Sur Brasil – Editora Grafiti
Congresso Brasileiro de Poesia – Bento Gonçalves-RS

A Traição das Metáforas 5 e 6


foto: welliton rangel



A Traição das Metáforas 5

na estrada estática federika cantarolava mamãe mamãe não chora a vida é assim mesmo eu fui embora seus olhos estavam cravados na imagem em frente macabea se masturbava com os cinco dedos da mão esquerda enterrados no anus e os outros da mão direita cravados na vagina enquanto gritava seu amado: federiko! nosso mestre sala dos mares oculto longe dali pensava li não em jorge amado mas na literatura clandestinna na bahia traição é um prato de angu que se come quente com pimenta coentro e fígado de porco e não será a benedita que me fará voltar ao morro da mangueira travestido com os parangolés do oiticica me chamo federico baudelaire e não prego prego sem estopa se uso óuclos de colher é que a vida não está sopa



A Traição das Metáforas 6

No fundo negro da noite blak billye tinha um jeito gal fatal vapor barato macabea agonizava nas entrelinhas tentando a cena que não sai nem freud explica o seu corpo que cai no primeiro abismo das metáforas era meio dia mil novecentos e noventa e oito ribeirão preto em alvoroço alguém lixava uma carteira enquanto a bailarina se contorcia em sábado de páscoa ao som de pink floyd em frente as lojas americanas marcio coelho toca pérola negra e eu falo fernando pessoa a eptv me leva ao ar ao vivo e no meio da multidão em êxtase um bêbado reclama pela sua previdência jardinópolis agora é apenas uma página de jornal sem vestígios onde rabisquei alguns poemas atrás dos fios elétricos na parede da choperia sete meia zero onde me chamam federico baudelaire eu quero teu corpo de manga fruta que se chupa até sangrar ao som de um negro blues enquanto houver

Artur Gomes

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

marçal tupã



meu coração marçal tupã
sangra tupy & rock and roll
meu sangue tupiniquim
em corpo tupinambá
samba jongo maculelê
maracatu boi bumbá
a veia de curumim
é coca cola e guaraná

artur gomes/paulo ciranda

http://paulo-ciranda.blogspot.com

A Traição das Metáforas 3 e 4






A Traição das Metáforas

3.      onde a estética é estrada estanque eu grito federico baudelaire passeia como  pimenta do planeta azeite para o acarajé que você não consegue digerir em salvador in chamas salgado mar de fezes farol da barra ainda canta castro alves enquanto por aqui o esgoto entra na cidade pela porta de frente macabea tenta mais uma vez enganar o padre que não sabe dizer missa pão e hóstia não combinam com confete e serpentina e viver é um poema processo moacy há quanto tempo já me disse muito antes dos retalhos imortais aportarem no porto da garrafas santo andré ainda nem sonhava com o assassinato do celso daniel enquanto federico tenta colocar em ordem a bateria da mocidade independente zeca baleiro canta: é mais fácil mimeografar o passado que imprimir o futuro.




4.    seja herói seja marginal: frase de oiticica levou baiano a londres depois de passar alguns segundos no doi cod li num grafiti nos muros da central bem ao lado do monumento de duque de caxias federico estava de plantão nos dragões da independência são cristóvão era um mangue onde todas as noites íamos aliviar nossas tensões com as prostitutas do lugar dali para brasília foi um pulo num quadrimotor da fab embaixo de celas e fardos de alfafa até voltar em  maio  de mil novecentos e sessenta oito cacomanga já s e tornara  uma makondo e eu ali entre a ausência do meu pai e as flores do mal que roubei o quartel num armário do coronel joão batista de oliveira figueredo


Artur Gomes