terça-feira, 27 de dezembro de 2011

jura secreta 14


eu te desejo flores lírios brancos
 margaridas girassóis rosas vermelhas
e tudo quanto pétala 
asas estrelas borboletas 
alecrim bem-me-quer e alfazema
eu te desejo emblema deste poema desvairado 
com teu cheiro teu perfume
teu sabor teu suor teu sabor tua doçura 
e na mais santa loucura 
declarar-te amor até os ossos
eu te desejo e posso
:
palavrArte até a morte
enquanto a vida nos procura 


Entridentes

queimando em mar de fogo me registro
bem no centro do teu íntimo
lá no branco do meu nervo brota
uma onde que é de sal e líquido
procurando a porta do teu cais

teu nome já estava cravado nos meus dentes
desde quando sísifo olhava no espelho
primeiro como mar de fogo
registro vivo das primeiras eras
segundo como flor de lótus
cravado na pele da flor primavera
logo depois gravidez e parto
permitindo o Logus quando o mar quisera


Desejo a todos um 2012 pleno
de muita luz amor saúde sucesso e paz

arturgomes

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

o boi pintainho


O
Boi
Pintadinho
                           
... E
lá vai o boi
com seus olhos tristes
feito mãe cansada
da estrada e da vida,
vai carregando dor nos olhos,
cabisbaixo
com medo de levantá-los
e ser o primeiro
a enfrentar a faca
ou quem sabe,
a forca.

Lá vai o boi de arado
boi de carro
boi de carga
boi de cerca
boi de canga
boi de corda
boi de prado
boi de corte.
Boi preto
boi branco

lá vai o boi pintadinho...

lá vai o boi
na tua consciência
triste e solitária
olhando os que passam
com medo de levantar a voz
e colocar o seu mugido
na consciência dos outros.

Lá vai o boi
no teu passo manso,
dança na contra-dança
com certeza que a esperança
é muito mais do que aquilo
que já te foi predestinado.
Lá vai o boi-pintadinho...

lá vai o boi...
boi Antônio
boi Joana
boi Maria
boi João.
Boi Thiago
Boi Ferreira
Boi Drummond
e Boi Bandeira,
e tantos outros bois
que conheci por este país afora...
que sabendo ou não sabendo
cada boi tem sua hora.

Lá vai o boi
com teu jeito manso
no equilíbrio manco
que me inspira e desespera...

vai para o cofre,
ele sabe disso.
Vai para o açougue
ele sabe disso.
Vai pra balança
e nem parece equilibrista
mas já conhece o seu destino.

Lá vai o boi –pintadinho...

E lá vai o boi
atravessando as ferrovias
nos vagões de ferro.
Vai carregado
de marcas pelo corpo
e agonia até a alma.

Levanta meu boi levanta
que é hora de viajar
acorda boi povo todo
povo e boi tem que lutar...

Levanta meu boi operário
boi do martírio e do salário
boi da enxada e do horário
boi da cangalha no pescoço
boi de carne, boi de osso
servindo o prato da serpente
boi da lama
boi do fosso
boi indgesto e indigente.

levanta meu boi de fardo
boi de cerca
boi de carga
boi de canga
boi de corda
boi de força
boi de farça
boi de farra
boi de forra
boi de festa
boi de ferro

levanta meu boi de sina
boi de pavio
espantalho
boi de pano
levanta meu boi de palha
boi de circo
boi de sonho
boi selvagem
boi de plano

levanta meu boi de barra
boi de birra
boi de barro
boi de berro.

Levanta meu boi pintado
homem palhaço mascarado
máscara de animal e desengano
mas homem nenhum desalmado
se mostrará com a nossa face
se cobrirá com os nossos panos

Levanta meu boi de prata
boi de prato
boi de pranto
boi de prego
boi de arame farpado
boi de carga e de arado
boi joão desempregado
de terno inferno e gravata
boi sem livro
boi sem ata
boi de safra
boi de cofre
boi de carta
boi de corte:
boi de carne ferida
mugindo de sul a norte,

boi que nasce pra vida
e a gente engorda prá morte.


Artur Gomes
In auto do Boi Pintadinho
Prêmio Mec - 1980

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

1º Festival Nacional de Cinema do IFF

gabriela azevedo - foto: artur gomes

Você que produz vídeo com câmera celulares ou câmeras fotográficas digitais, ou pretende fazê-lo, agora você tem canal aberto para Mostrar a sua produção áudio visual:
       
Mostra de Curtas do IFF de 14 a 16 de março de 2012 no Campus Campos Centro, onde além de proporcionarmos visibilidade para um grande público para a sua produção, de acordo com a qualidade que ela atingir você poderá ser premiado no 1º Festival Nacional de Cinema do IFF, que acontecerá no período de 16 a 20 de abril de 2012.

Se o seu vídeo foi produzido entre os anos de 2010  a fevereiro de 2012, você poderá inscrevê-lo, enviando-o em arquivo AVI, MPEG ou DVD para Oficina Cine Vídeo do IFF – Rua Dr. Siqueira, 273 – Parque dom Bosco – Campos dos Goytacazes – RJ – cep. 28030-130 acompanhado da Ficha de Inscrição, até o dia 1º de Março de 2012.

Se você é aluno do IFF ou morador de Campos dos Goytacazes, poderá fazer a inscrição diretamente na Oficina Cine Vídeo. Lembramos ainda que a partir de abril de 2012 a Oficina Cine Vídeo do IFF estará aberta não só para estudantes do IFF , mas também para toda comunidade externa da cidade de
Campos dos Goytacazes interessada em ingressar nos mistérios da produção áudio visual.

Maiores informações:
Artur Gomes
Professor da Oficina Vne Vídeo
(22)9815-1266

Conta do face book artur.gumes@gmail.com fulinaimagem2

Ficha de Inscrição

Nome:­­­­­­­­­­­__________________________________________________

Título do Filme:____________________________________________
Categoria:  (   ) Câmera de Celular     (   ) Câmera Fotográfica Digital
Outros tipos de Câmeras    (    )

Endereço:________________________________________________

Cidade: ___________________________Estado: ______________­­­__

Fone:______________________

e-mail______________________

Página na internet.:_________________________________________

Estudante:?_______(sim)             (não)

Se estudante -  Qual Instituição: ________________________________ 

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

programa 5 minutos - especial artur gomes


Programa 5 minutos – especial Artur Gomes, interpretando a poesia de Paulo Leminski. Vídeo produzido em Belo Horizonte pela Aliás Comunicação, Direção de Elias Kfouri

Poetas Velhos

Bom dia, poetas velhos.
Me deixem na boca
o gosto dos versos
mais fortes que não farei.

Dia vai vir que os saiba
tão bem que vos cite
como quem tê-los
um tanto feito também,
acredite.


Eu 


eu 
quando olho nos olhos 
sei quando uma pessoa 
está por dentro 
ou está por fora 

quem está por fora 
não segura 
um olhar que demora 

de dentro de meu centro 
este poema me olha


Ali

ali 
 
ali 
se 

se alice 
ali se visse 
quanto alice viu 
e não disse 

se ali 
ali se dissesse 
quanta palavra 
veio e não desce 

ali 
bem ali 
dentro da alice 
só alice 
com alice 
ali se parece

Paulo Leminski

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

a poesia do corpo em movimento

a poesia do corpo em movimento

injúria secreta


suassuna no teu corpo
couro de cor compadecida
ariano sábio e louco
inaugura em mim a vida

pedra de reino no riacho
gumes de atalhos na pedreira
menina dos brincos de pérola
palavra acesa na fogueira

pós os ismos tudo é pós
na pele ou nas aranhas
na carne ou nos lençóis
no palco ou no cinema
a palavra que procuro
é clara quando não é gema

até furar os meus olhos
com alguma cascata de luz
devassa em mim quando transcende
lamparina que acende
e transforma em mel o que antes era pus


arturgomes http://goytacity.blogspot.com

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

jura secreta 31

louise marrie - foto: Plural Build


te amo
e amor não tem nome
pele ou sobrenome
não adianta chamar
quando se quer
porque tem seus próprios códigos
e segredos
mas não tenha medo
pode doer pode sangrar
e ferir fundo
mas é razão de estar no mundo
nem que seja por segundo
por um beijo mesmo breve
porque te amo
na mar no sal no sol na neve

arturgomes

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

o mundo ronca


entre o que fala
e cala
a cara
abre-se
dentro da
madrugada
desperta
aperta o nó
e segue
alerta
contra o som
do que não veio
o silêncio
grita entre
a janela e a porta
e no quintal dos fundos
o mundo ronca
sobre tudo
aquilo
que não tenho

arturgomes

poema da madrugada

a cara fala
         e cala
entre o que
não         há
e    o     que
não   existe
sem  haver
      - ser -
não       ter
      - só –


may pasquetti

terça-feira, 18 de outubro de 2011

POEMA DA MORTE ANUNCIADA



Em fevereiro de 2001, escrevi um poema dedicado a Janis Joplin, Jimi Hendrix e Jim Morrison, impressionado que estava com a infeliz coincidência de os três terem deixado essa vida aos 27 anos. Nunca o publiquei. Esse acaso-não-acaso do Universo nos levou Amy Winehouse, aos 27 anos, a mais talentosa artista surgida nos anos 2000. O poema, agora, também, é dedicado a ela.


JANIS & JIMI & JIM; A MORTE AOS 27
(AGORA, TAMBÉM PARA AMY)


paraíso & paixão – doce encanto da juventude

a vida exulta na garganta, sibila nas cordas, nos sons
nos cabeludos dentes de ouro
- fogo dionisíaco dos pássaros

o Senhor é Rock
- rola nas veias & no sangue & nas línguas
& nas jubas ruivas e negras das revoluções

27 & pós & fumaça
: não há rosto sob as babas e barbas
: não há elo entre a linguagem e a palavra primitiva

corta-se o cordão umbilical com Deus quando se morre aos 27
nada é brinquedo ou jardim quando se morre aos 27
o futuro não tem cidade ou país quando se morre aos 27
peixes afogados em aquários quando se morre aos 27
a alegria sucumbe às nuvens ácidas do céu
quando se morre aos 27

corpos dilacerados atravessam o tempo
e assistem ao riso solto que queima as guitarras
e venta sobre pântanos, pontes, rios, desertos

3 astros, 3 estrelas, 3 mortos aos 27
brilhando num oásis de luzes e facas

e que olhos se acenderam depois do dilúvio?

que desejos selvagens? que música? que inocência?



TANUSSI CARDOSO

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

para heloisa curzio



entre as cores de frida
me kalo
heloísa na curva do abstrato
muito mais que concreto
pincel em transe
tintura em convulsão
eu
que não tenho dedos de aço
muito menos nervos de chumbo
me deito sobre a relva
deixo percorrer a neblina
do nariz
ao dedo grande do pé
todo o corpo fios de cobre
e os olhos na tela
grudados nas dela
belas curvas da mulher

artur gomes