o que trago embaixo as solas dos sapatos é fato bagana acesa sobra do cigarro é sarro dentro do carro ainda ouço Jimmi Hendrix quando quero dancei bolero sampleAndo rock and roll pra colher lírios há que se por o pé na lama a seda pura é foto síntese do papel tem flor de lótus nos bordéis Copacabana procuro um mix da guitarra de Santanna com os espinhos da Rosa de Noel
taubaté tremembé tamanduateí tabatinga taguatinga tracunhenhem tucuruví toda palavra nua me tesa como o t da tua tigresa matisse que nunca vi
artur Gomes http://tropicanalice.blogspot.com a flor que alice traz na boca não tem hóstia nem baton é flor de lírios do cerrado de um tom quase encarnado meio carmim meio marron cor dos olhos de alguém que nunca vi numa janela só ali pele e tecido dentre a roupa sob pêlos de um furor em carne viva onde o sangue corre solto e a pele ouro ao sol risco de luz ao meio dia cheirando sexo todos poros e um estranha solidão o teu nome quase sempre em minha boca como um beijo nunca findo e o teu ser me permitindo que entre pétalas e pedras sangrasse o hímen da paixão
IBIRAPITANGA
hoje vi na rua a palavra ibirapitanga que eu não conhecia e mesmo não a conhecendo já sabia que existia
assim como: ibirapitinga ibiratininga annhangabaú anhanguera araraquara jabaquara Ibirapuera
caído do céu poema azul ácido pássaro abatido de gozo e riso banido do paraíso ferido em tombo preciso letra de fado ritmo de samba soar colorido feito blues de branco tingido que deus me prove vai que o céu é mais ao sul e deus me love e deus me livre de ser eu a besta do após calipso vai que eu sei que viro a mesa luso-afro-brasileira de madeira nobre expondo os restos coloniais desta nação de hipócritas mostrando os rastros desta história corrompida vai que sei não estou só e não é só meu esse nó e esse bom gosto na língua
A campanha Loucos Somos Nós, além do recolhimento de doações(material de limpeza, higiene pessoal e roupas usadas), prevê ações com arte cultura e lazer voltadas para os pacientes do referido hospital, constituindo assim um projeto Social permanente da Associação de Arte e Cultura Esporte e Lazer Nação Goytacá. As doações serão entregues diretamente ao Hospital em horários e dias que divulgaremos brevemente.
Overcoming Skate Vídeo
Família do Skate se junta a Nação Goytacá e a ProBeach Vôllei na campanha Loucos Somos Nós em prol do Hospital João Vianna. –
Dia 26 setembro setembro 2009 19:00 – Furdunço Etílico – Semana da Imprensa 20:00h – Lançamento da Campanha Loucos Somos Nós 22:00h - volta da banda Avyadores doBrazyl + Reubes Pess + Humor + Eixo Nacional + Rock Blues Poesia + Graffiti & Outros Baratos Afins
Taberna D Tutty – Rua das Palmeiras, 13
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
declaração inteira
tenho dez almas:
uma de carne onde me exponho aos instintos.
a segunda entrego ao zelador par que o espanador a inflame.
a terceira quarta quinta sexta sétima oitava entrego-as à mulher amada para seu domínio completo
a nona carrego comigo para sustentar o que de solidão exala
a décima o que sobra dessa solidão
celso borges
Poema obsceno
Façam a festa cantem e dancem que eu faço o poema duro o poema-murro sujo como a miséria brasileira
Não se detenham: façam a festa Bethânia Maninho Clementina Estação Primeira de Mangueira Salgueiro gente de Vila Isabel e Madureira todos façam a nossa festa enquanto eu soco este pilão este surdo poema que não toca no rádio que o povo não cantará (mas que nasce dele) Não se prestará a análises estruturalistas Não entrará nas antologias oficiais
Obsceno como o salário de um trabalhador aposentado o poema terá o destino dos que habitam o lado escuro do país- e espreitam.
Não ponha o nome de Gilda na sua filha, coitada, Se tem filha pra nascer Ou filha pra batisar. Minha mãe se chama Gilda, Não se casou com meu pai. Sempre lhe sobra desgraça, Não tem tempo de escolher. Também eu me chamo Gilda, E, pra dizer a verdade Sou pouco mais infeliz. Sou menos do que mulher, Sou uma mulher qualquer. Ando à-toa pelo mundo. Sem força pra me matar. Minha filha é também Gilda, Pro costume não perder É casada com o espelho E amigada com o José. Qualquer dia Gilda foge Ou se mata em Paquetá Com José ou sem José. Já comprei lenço de renda Pra chorar com mais apuro E aos jornais telefonei. Se Gilda enfim não morrer, Se Gilda tiver uma filha Não põe o nome de Gilda, Na menina, que não deixo. Quem ganha o nome de Gilda Vira Gilda sem querer. Não ponha o nome de Gilda No corpo de uma mulher.
Murilo Mendes
POEMA PARA O ÍNDIO XOKLENG
Se um índio xokleng sub jaz no teu crime branco limpo depois de lavar as mãos
Se a terra de um índio xokleng alimenta teu gado que alimenta teu grito de obediência ou morte
Se um índio xokleng dorme sob a terra que arrancaste debaixo de seus pés, sob a mira de tua espingarda dentro de teus belos olhos azuis
Se um índio xokleng emudeceu entre castanhas, bagas e conchas de seus colares de festa graças a tua força, armadilha, raça: cala tua boca de vaidades e lembra-te de tua raiva, ambição, crueldade
Veste a carapuça e ensina teu filho mais que a verdade camuflada nos livros de história
Lindolf Bell
(enviado pela pesquisadora urda Kuegler, de Sc. Em memória do grande poeta catarinense, existe em Timbó, sua cidade natal, o centro de memória Lindolf Bell, onde viveu e onde estão devidamente preservados móveis,objetos,livros, manuscritos ,etc. A curadora é sua filha Rafaela Heting bell, filha da artista plástica ,a escutora Elke Hering Bell. Rafaela , que cresceu em meio à poesia paterna e à arte materna, galeria de arte de seu pai, é diretora do MAB(Museu de Arte de Blumenau). A galeria do poeta, que foi conhecido marchand chamou-se Açu-Açu. AÇU - quer dizer "grande", "comprido". Açu-açu: muito grande. Os indígenas repetem a palavra, para dar a noção de muito, de grande, de muitos. Assim, pana-paná, muitas borboletas. Ati-ati: muitas gaivotas.
Terra de santa cruz
ao batizarem-te deram-te o nome posto que a tua profissão é abrir-te em camas dar-te em ferro ouro prata rios peixes minas mata deixar que os abutres devorem-te na carne o derradeiro verme
sal gado mar de feses bnatendo nas muralhas do meu sangue confidente quem botou o branco na bandeira de alfenas só pode ser canalha na certa se esqueceu das orações dos penitentes e da corda que estraçalha com os culhões de tiradentes
salve-lindo pendão que balança entre as pernas abertas da paz tua nobre sifilítica herança dos rendevouz de impérios atrás
meu coração é tão hipócrita que não janta e mais imbecil que ainda canta: ou viram no Ipiranga às margens plácidas uma bandeira arriada num país que não levanta.
fosse o brazil mulher das amazonas caminhasse passo a passo disputasse mano a mano guardasse a fauna e a flora da fome dos tropicanos ouvisse o lamentos dos peixes jandaias araras e tucanos não estaríamos assim condicionados aos restos do sub-humano
só desfraldando a bandeira tropicalha é que a gente avacalha com as chaves dos mistérios desta terra tão servil: tirania sacanagem safadeza tudo rima uma beleza com a pátria mãe que nos pariu
bem no centro do universo te mando um beijo ó amada enquanto arranco uma espada do meu peito varonil espanto todas as estrelas dos berços do eternamente pra que acorde toda esta gente deste vasto céu de anil pois enquanto dorme o gigante esplêndido sono profundo não vê que do outro mundo robôs te enrrabam ó mãe gentil
telefonaram-me avisando-me que vinhas na noite uma estrela ainda brigava contra a escuridão na rua sob patas tombavam homens indefesos esperei-te 20 anos até hoje não vieste à minha porta - foi um puta golpe!
o poeta estraçalha a bandeira raia o sol marginal Quinta feira na geléia geral brazileira o céu de abril não é de anil nem general é my brazil minha ver/amarela esperança portugal já vendeu para a frança e o coração latino balança entre o mar de dólar do norte e o chão dos cruzeiros do sul o poeta esfrangalha a bandeira raia o sol marginal Sexta feira nesta porra estrangeira e azul que a muito índio dizia:
meu coração marçal tupã sangra tupi & rock in roll meu sangue tupiniquim em corpo tupinambá samba jongo maculelê maracatu boi bumbá a veia de curumim é coca cola & guaraná
o sonho rola no parque o sangue ralo no tanque nada a ver com tipo dark muito menos com punk meu vício letal é baiafro com ódio mortal de yank
ó baby a coisa por aqui não mudou nada embora sejam outras siglas no emblema espada continua a ser espada poema continua a ser poema
LeminskiArte da palavra em cena Artur Gomes e Mayara Pasquetti De 5 a 10 outubro 2009 Congresso Brasileiro de Poesia Bento Gonçalves - RS
CREDO
Creio na significação do espaço desbravado em ondas na consecução do plano inferior da metamorfose entre o sim e o não na aceitação dos fatos na proibição do consumido em dias alternados conforme dito aos deuses no esquecimento na marcação da pele em suaves disputas introduzidas em pontos de indignação e coragem elevada ao silêncio da palavra em desculpa e ausência no amor ofertado e possuído como entrega e estrada percorrida na idealização do reflexo sobre o espelho estraçalhado em imagens.
meto meus dedos cínicos no teu corpo em fossa proclamando o que ainda possa vir a ser surpresa porque amor não tem essa de cumer na mesa é caçador e caça mastigando na floresta todo tesão que resta desta pátria indefesa
ponho meus dedos cínicos sobre tuas costas vou lambendo bostas destas botas NeoBurguesas porque meu amor não tem essa de vir a ser surpresa é língua suja grossa visceral ilesa pra lamber tudo que possa vomitar na mesa e me livrar da míngua dessa língua portuguesa.
leve ave pena leve arara amazônica breve sobrevoa rara lâmpada límpida azul de zinco impávida oceânica cérebro vivo ofusca a serra wall street cega bela city desumana anti passarada morte que me roa ave pena leve sousândrade que me voa
o poema pode ser um beijo em tua boca carne de maçã em maio um tiro oculto sob o céu aberto estrelas de neon em vênus refletindo pregos no meu peito em cruz
na paulista consolação na na água branca barra funda metal de prata desta lua que me inunda num beijo sujo como a estação da luz
nos vídeos/filmes de TV eu quero um clipe nos teus seios quentes uma cilada em tuas coxas japa como uma flecha em tuas costas índia ninja, gueixa eu quero a rota teu país ou mapa teu território devastar inteiro como uma vela ao mar de fevereiro molhar teu cio e me esquecer na lapa
transparências no papel a seda grafismo em carne minha cor nos dedos recortes visuais no olho vazados como um cão em marte fissura de espada em riste aponto minha língua em cortes a flama do meu sangue em chamas imagens regrafando imagens a sombra do objeto em prismas o dedo no gatilho oculto atiro contra o tédio infame pedaços do meu corpo em prumo poemas refazendo em transe retalhos de um tecido em partes seguindo por segundo a trilha na etérea construção da arte
o vácuo na palavra espaço entre o tempo e o oco do tempo as letras uma a uma não dizendo nada poema inconcluso onde uso a cardioGrafia das pedras como espelho d’água as paredes das palavras as muralhas dos poemas as cordilheiras das letras a criação das coisasa que damos nome anna katarina do itanhandu a pele de sol na carne da lua o sangue das estátuas a escritura das veias junto a isso leio os passos da noite e as curvas do trem na estação da janela a montanha nos olhos contraste entre o solar e os edifícios escuto teu silêncio incauto e ladro como um cão vencido a lua me persegue em signos na boca de um dragão noturno a coisa que percebo é vasta letreiros urbanizando íntimos a pedra do meu sonho é gêmea irmã dos teus segredos ínfimos
somos além dessa matéria óbvia que nos faz dizer — tá tudo bem.
celsoborges
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
Overcoming Skate Vídeo
Família do Skate se junta a Nação Goytacá e a ProBeach Vôllei na campanha Loucos Somos Nós em prol do Hospital João Vianna. –
Dia 26 setembro setembro 2009 19:00 – Furdunço Etílico – Semana da Imprensa 20:00h – Lançamento da Campanha Loucos Somos Nós 22:00h - volta da banda Avyadores doBrazyl + Eixo Nacional + Rock Blues Poesia + Graffiti & Outros Baratos Afins
o delírio é a lira do poeta se o poeta não delira sua lira não profeta arturgomes Nação Goytacá http://goytacity.blogspot.com
terça-feira, 15 de setembro de 2009
um dia a gente ia ser homero a obra nada menos que uma ilíada depois a barra pesando dava pra ser aí um rimbaud um ungaretti um fernando pessoa qualquer um lorca um éluard um ginsberg por fim acabamos o pequeno poeta de província que sempre fomos por trás de tantas máscaras que o tempo tratou como a flores
eu queria tanto ser um poeta maldito a massa sofrendo enquanto eu profundo medito
eu queria tanto ser um poeta social rosto queimado pelo hálito das multidões em vez olha eu aqui pondo sal nesta sopa rala que mal vai dar para dois
o paulo leminski é um cachorro louco que deve ser morto a pau a pedra a fogo a pique senão é bem capaz o filha da puta de fazer chover em nosso piquenique
acordei bemol tudo estava sustenido sol fazia só não fazia sentido
nunca quis ser freguês distinto pedindo isso e aquilo vinho tinto obrigado hasta la vista queria entrar com os dois pés no peito dos porteiros dizendo pro espelho— cala a boca e pro relógio — abaixo os ponteiros
quando eu tiver setenta anos então vai acabar esta adolescência vou largar da vida louca e terminar minha livre docência vou fazer o que meu pai quer começar a vida com passo perfeito vou fazer o que minha mãe deseja aproveitar as oportunidades de virar um pilar da sociedade e terminar meu curso de direito então ver tudo em sã consciência quando acabar esta adolescência
um dia desses quero ser um grande poeta inglês do século passado dizeró céu ó mar ó clã ó destino lutar na índia em 1866 e sumir num naufrágio clandestino
todo bairro tem um louco que o bairro o trata bem só falta mais um pouco para eu ser tratado também vendi meus filhos a uma família americana eles tem carro eles tem grana eles tem casa a grama é bacana só assim eles podem voltar e pegar um sol em Copacabana
bom dia poetas velhos me deixem na boca o gosto de versos tão fortes que não farei dia virá que vos saiba tão bem que os cite como quem tê-los um tanto feitos também acredite
entre a dívida externa e a dúvida interna meu coração comercial alterna
quando olho nos olhos sei quando uma pessoa está por dentro ou está por fora quem está por fora não sustenta um olhar que demora diante do meu centro este poema me olha
ali se Alice ali se visse quando Alice viu e não disse se ali Alice dissesse quanta palavra veio e não desce ali bem ali dentro da Alice só Alice com Alice ali se parece
noutro dia um cão raivoso espumando versos pela boca, disse sol à nuvem louca e o inverno inverso, rigoroso, fez-se ainda mais intenso! punhal de gelo na carne pouca, que racha, sangra e estanca entre a pele e a roupa.
mas, o andarilho lindo e asqueroso, como brilho de amor, imenso, ainda trilha as ruas sujas nas cidades do que eu penso.
Loucos Somos Nós Uma campanha da Nação Goytacá em prol do Hospital João Vianna – breve mais detalhes. Lançamento dia 26 setembro - 20:00h Taberna D Tutty - Rua das Palmeiras, 13
Congresso Brasileiro de Poesia De 5 a 10 Outubro 2009 Bento Gonçalves – Rio Grande do Sul maiores informações: adebach@gmail.com
May interpeta Artur Gomes – filme de Jiddu Saldanha
Tão Pimenta Tão Petróleo =filme de Artur Gomes
Bolero Blue
beber desse conhac em tua boca para matar a febre nas entranhas entre/dentes indecente é a forma que te como bebo ou calo e se não falo quando quero na balada ou no bolero não é por falta de desejo é que a fome desse beijo furta qualquer outra palavra presa como caça indefesa dentro da carne que não sai
Amor amado Entra amor esta sala tem as tuas medidas ninguém mais poderia nunca ocupá-la Teu nome está escrito nas invisíveis paredes que retém o ardente fogo que emana das letras do nome que eu semento e cultivo em minha alma: O teu nome Entra e sai livremente como se jamais portas fossem inventadas Quero ser para ti um templo sem limites sem regras que não sejam as tuas próprias Entra e se queres profana-me pois tu és aqui o único Deus. Concha Rousia NADA
é o que parece neste
RIO
que me apetece
Jaciara SOBRE UVAS
Esbagaço a uva esmago o grão devolvo a casca ao solo.
Agradeço o sumo e me despeço em cálices de adivinhações.
Deixo amadurecer o grão. Fermentado. Ensolarado adocica o sentido contraditório da urgência.
o que é que mora em tua boca Bia um Deus um anjo ou muitos dentes claros como os olhos do diabo e uma estrela como guia ?
o que é que arde em tua boca Bia azeite sal pimenta e alho résteas de cebola carne crua do k ralho um cheiro azedo de cozinha tua boca é como a minha ?
o que é que pulsa em tua boca Bia mar de eternas ondas que covardes não navegam rios de águas sujas onde os peixes se apagam ?
ou um fogo cada vez mais Dante como este em minha boca de poeta/delirante nesta noite cada vez mais dia em que acendo os meus infernos em tua boca Bia ?
eu te penetro em, nome o do pai do filho do espírito santo amém
não te prometo em nome de ninguém
terra, antes que alguém morra escrevo prevendo a morte arriscando a vida antes que seja tarde e que a língua da minha boca não cubra mais tua ferida
entre/aberto em teus ofícios é que meu peito de poeta sangra ao corte das navalhas e minha veia mais aberta é mais um rio que se espalha
amada de muitos sonhos e pouco sexo deposito a minha boca no teu cio e uma semente fértil nos teus seios como um rio
o que me dói é ter-te devorada por estranhos olhos e deter impulsos por fidelidade
ó terra incestuosa de prazer e gestos não me prendo ao laço dos teus comandantes só me enterro à fundo nos teus vagabundos com um prazer de fera e um punhal de amante minha terra é de senzalas tantas enterra em ti milhões de outras esperanças soterra em teus grilhões a voz que tenta - avança – plantada em ti como canavial que a foice corta mas cravado em ti me ponho a lua mesmo sabendo o – vão – estreito em cada porta
usina mói a cana o caldo e o bagaço usina mói o braço a carne o osso usina mói a fruta o sangue e o caroço tritura suga torce dos pés até o pescoço e do alto da casa grande os donos do engenho controlam: o saldo e o lucro
“ come chocolate menina come chocolate e não há mais metafísica no mundo do que comer chocolate’ fernando pessoa
amo esta mulher que me lembe em chocolate como menina travessa me levando ao cheque mate na subida da brigadeiro com avenida luiz antônio me arrastando na augusta e o que me custa dar-te-me em brigadeiro com gosto de beijos na boca agora que me chamam o louco da paulista e nem Oswald sequer eu sou Mário muito menos Itamar um tanto quase Edvaldo mais ainda cão das periferias com essa voragem vadia em dia de aniversário e essa mulher me invade com seu desejo de doce e se poeta eu não fosse ou mesmo se fosse um padre rasgaria toda batina como esse fogo me rasga e a levaria pra casa de brigadeiros da esquina por todas honras de um vate e lambuzaria a menina com meus dedos de chocolate
não estando aqui
mas como se estivesse
e esse poema fosse fruto
uva manga pêra pêssego
em tua pele de seda
fosse setembro já vindo
outubro que nos espera
palavra espora ou espuma
em tuas mãos como plumas
em tua língua de púrpuras
quando me fala do agora
do corpo que treme de febre
ou grita paixão entre os poros
e salta saudade entre os pêlos
como se fosse esta tarde
o dia em que conhecemos
um outro outubro lá dentro
das veias e vivas memórias
de azul vestida de rendas
na sala eu te olhava de longe
depois te peguei pelos braços
e poemas falei bem de perto
na tua boca me via
dentro os teus olhos pulsavam
peguei tuas mãos que tremiam
e o pulso já pela garganta
este poema uma planta
em tua carne sedenta
de águas cervejas de vinhos
e nestas linhas te bebo
como voraz passarinho
Quando a idéia não é tua
Nem tão minha
Menos mal
Vira idéia iluminada
Vira coisa canibal
Vira quadro na parede
Fome emoldurada
Outra sede surreal
Vira santa ceia
Réstia de breu
Que se ateia
Vira fogo e clareia
Sol deserto
Mar à vista
Avião que o ar
Tira da pista
Vira nau de água
Fina estampa escafandrista
Vira imagem concretista
Visagem
Na idéia de miragem
Nossa lente retratista.
Renato Gusmão
o poeta me viu
bastou um olhar
e pode ver
a mola mestra
da aprendiz
que sou
a escolha que fiz
no avesso e apesar
da sorte adversa
de não pesar
de ser feliz
poeta é quem vê
o que não é de dizer
e ainda assim
diz
Alice Ruiz
Nação Goytacá Elege Diretoria
Em Assembléia realizada na tarde do último sábado dia 22 de agosto de 2009, na Rua das Palmeiras 13, em Campos dos Goytacazes, a Associação de Arte e Cultura Esporte e Lazer, n Nação Goytacá, elegeu a sua primeira Diretoria para um mandado de 2 anos de acordo com o seu Estatuto. Terminada a Assembléia a Diretoria foi empossada e o Caldeirão Cultural rolou pela madrugada a dentro na Taberna D Tutty, com as Bandas Eixo Nacional Skate Rock e Evolução da Espécie com intervenções poéticas dos poetas Artur Gomes e Adriano Moura
Diretoria Eleita
A primeira Diretoria da Nação Goytacá está assim constituída: Presidente - Artur Gomes Vice Presidente – Romualdo Braga Secretária – Aucilene Freitas Segunda Secretária – Adriana Medeiros Tesoureira – Indrid de Mello Monteiro
Conselho Fiscal Titulares: Wellington Cordeiro Alexandro Florentino Maurício D Tutty
Suplentes: Luiz de Souza Ribeiro Filho Márcio de Aquino Álvaro de Siqueira Manhães
Além da Diretoria Executiva, dentro das atribuições que o Estatuto da ONG Nação Goytacá confere ao seu Presidente, Artur Gomes, nomeou outros sócios fundadores, nas seguintes funções:
Diretor de Patrimônio - Harlem Pinheiro Diretor Cultural – Adriano Moura Diretor de Arte – Wellington Cordeiro Diretor de Esporte – Water da Silva Klein Diretor de Comunicação – Vítor Menezes Diretora de Educação e Pesquisa – Vera Vasconcellos Diretoras de Ações Sociais – Loana Rios e Mariângela Dias Diretor Jurídico – Fernando M. Silva
terça-feira, 18 de agosto de 2009
Esfinge
o amor não e apenas um nome que anda por sobre a pele um dia falo letra por letra no outro calo fome por fome
e que a pele do teu nome consome a flor da minha pele
cravado espinho na chaga como marca cicatriz eu sou ator ela esfinge clarisse/beatriz
assim vivemos cantando fingindo que somos decentes para esconder o sagrado em nosso profanos segredos se um dia falta coragem a noite sobra do medo
na sombra da tatuagem sinal enfim permanente ficou pregando uma peça em nosso passado presente
o nome tem seus misterios que se esconde sob panos o sol e claro quando nao chove o sal e bom quando de leve para adoçar desenganos na língua na boca na neve
o mar que vai e vem não tem volta o amor e a coisa mais torta que mora lá dentro de mim teu ceu da boca e a porta onde o poema não tem fim
Vídeo filmado em Bento Gonçalves com a participação de Érica Ferri. trilha sonora de Zeca Baleiro sobre poema de Salgado Maranhão
domingo, 9 de agosto de 2009
olhos nos olhos
olhos líquidos olhos secos olhos doces olhos salgados olhos de areia olhos nos óleos olhos murchos de peixe morto olhos de sereia olhos podres olhos vivos olhos que olhos que me olhos olhos de gato olhos da noite olhos de lince olhos de águia olhos de presa olhos de medo olhos de lágrimas olhos míopes hipermétropes olhos estrábicos olhos de vidro olhos com lentes olhos tristes olhos contentes olhos de sim olhos de não olhos da lei olhos dos homens olhos de deus olhos de vento olhos de furacão olhos acesos olhos apagados olhos de santo olhos de pecado olhos serenos olhos chapados olhos raivosos olhos quentes olhos gélidos olhos polares olhos meus olhos mais olhos distintos de tão iguais olhos ausentes olhos de gente olhos azuis olhos verdes olhos castanhos olhos negros brancopacos olhos cegos olhos vendo custam os olhos os olhos da cara os olhos do rosto os olhos do resto os olhos do reto os olhos do cu.
Não me procures ali Onde os vivos visitam Os chamados mortos. Procura-me Dentro das grandes águas Nas praças Num fogo coração Entre cavalos, cães, Nos arrozais, no arroio Ou junto aos pássaros Ou espelhada Num outro alguém, Subindo um duro caminho Pedra, semente, sal Passos da vida. Procura-me ali. Viva.
Hilda Hilst
in Da morte, Odes Mínimas
terça-feira, 4 de agosto de 2009
Um vago desejo porventura alivia o mórbido consórcio Versátil fraternidade Incesto precauto a desvanecer, Devanear
Volúvel aceno em vão desiderium
As voltas com o despovoado vagamundear Em meio a sonâmbulos insones, insanos sanados Instável vagido Ímpia compreensão
Ao vazio que a tudo detém mover-me Minudenciar o evanescente avantesma avaro de si Jaciara S.
Ilha Tanto pra ir como pra voltar sempre o mar a me contornar. Sou ilha, entre nós, só há água, sem trilha. Tanto faz como tanto fez, aqui jaz imersa à minha tez! Ilha fui, serei, eternamente, me sei!!! Ada Fraga Vitória, 26/11/2008.
se eu canto pouso a língua entre os dentes rente onde a saliva espraia pele espuma arraia algas de algum mar distante ondas de um pulsar instante em que 0 sol nave metal aclara areia como se fosse pele conchas em tua boca lua nua dentro do mar sereia o canto cravado na lua cheia sangue pulsante na tua veia quando piso na tua praia
noutro dia um cão raivoso espumando versos pela boca, disse sol à nuvem louca e o inverno inverso, rigoroso, fez-se ainda mais intenso! punhal de gelo na carne pouca, que racha, sangra e estanca entre a pele e a roupa. mas, o andarilho lindo e asqueroso, como brilho de amor, imenso, ainda trilha as ruas sujas nas cidades do que eu penso.
cravada de dia, de luz que se irradia tal qual e quanto antes, a água clara e grata cravada de diamantes. diamantes solares, serpentes de prata sobre a face dos mares. sementes de crepúsculo enraizadas, contas, colares no solo maiúsculo das ondas, e nas tuas mãos em concha, feito estranho molusco. quase um quasar, caracol, a guardar o som do mar e as manhãs de sal e de sol.