segunda-feira, 21 de dezembro de 2009



eu lhe desejo
um NATAL de paz
e tudo que a ARTE
inda for capaz
e
um Dois Mil e Dez
com muito AMOR
da cabeça aos pés

arturgomes
SampleAndo
http://artur-gomes.blogspot.com/

Poesia no Poste
Dia 22 dezembro – 19:00h
Rua do Mercado Esq. Com Rosário – Rio de Janeiro
Realização: Os Goliardos/Panela 21



Estação do samba
para Marko Andrade

procuro melodia no Estácio
sigo o compasso do ócio no cio
caço o amor pelo laço
nessa cidade um abraço
o meu amor pelo Rio

a noite abro a janela
do outro lado a Portela
azul e branco é meu véu
manto sagrado dos deuses
sambistas que moram no céu

quando amanhece é favela
meu coração passarela
se abre nova estação
seja Portela ou Mangueira
Osvaldo Cruz Madureira
o samba se faz comunhão

Artur Gomes
http://courocrucarneviva.blogspot.com/
Será o Anhangabaú?
palavra pendida da carne
tatuada nas costas da cidade
com tinta forjada no tempo
em construções ancestrais
alquimia de ruas e paços
quem há de ouvir os meus ais?
malditos os homens-borracha
pândegos caça-níqueis
que infestam piratininga
com desprezo pela história
mas será o Anhangabaú?
que malfadada fonte é essa
que impulsiona meu poema
pela Ladeira da Memória ?
até quando nossos topônimos
servirão à gatunagem
e quantos Robertos Marinhos
vão espraiar pela cidade?
periga daqui algum tempo
olhar o vale Silvio Santos
de cima do viaduto Lombardi?

Rogério Santos
http://folhadecima.blogspot.com/

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Dupla FAce



a carne denota um alarme
um grito um rito um agito
na língua ambíguo coringa
disfarce fácil dupla face

descola da pele da córnea
um calo no prato do fato
no cerne foro consumado
vermelho vero amealho

disfarce um rito um agito
na língua da córnea da pele
no couro foro consumado
libido calo dupla face

vermelho no prato do fato
descola da pele um coringa
no couro o vero amealho
na carne detona um alarme

Rogério Santos
http://folhadecima.blogspot.com/

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Pop Rock Poesia

VMH Estúdio apresenta:
http://www.vmhonline.com

Pop Rock Poesia
Dia 31 janeiro 2010 – a partir das 16:00h
Parque das Ruínas – Santa Teresa – Rio de Janeiro

www.myspace.com/riverdies


maiores informações: fulinaima@gmail.com

Jura Secreta 92

quero tudo que em teu corpo grita
silêncio onde a palavra é gozo
a lua em tua pele espelha
aquilo que tu’alma aflita
reclama por inda não ter repouso

Artur Gomes
http://poeticasfulinaimicas.blogspot.com


Fulinaimagem

o que trago embaixo as solas dos sapatos
é fato
bagana acesa sobra do cigarro
é sarro
dentro do carro ainda ouço Jimmi Hendrix
quando quero
dancei bolero
sampleAndo rock and roll
pra colher lírios há que se por o pé na lama
a seda pura é foto síntese do papel
tem flor de lótus nos bordéis Copacabana
procuro um mix da guitarra de Santanna
com os espinhos da Rosa de Noel

Artur Gomes
http://goytacity.blogspot.com

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Silêncio Gritos & Sussurros



o seu corpo do poema
pede-me silêncio
ou algazarra?

farra
de bocas pernas coxas
línguas e dedos
nos recantos mais profundos
por onde dorme o teu desejo?

carícias delicadas
pela nuca em torno da orelha
lábios deslizando

ao redor do teu umbigo?
o que o seu corpo do poema
quer viver comigo?

o seu corpo do poema
no deserto das delícias
é escorpião ou percevejo?

é calmaria ou tempestade
no alto mar da liberdade
pede-me noite ou claridade
ou
implora-me desesperadamente
os mais selvagens beijos?

arturgomes
sampleAndo

terça-feira, 10 de novembro de 2009

taubaté tremembé
tamanduateí
tabatinga taguatinga
tracunhenhem
tucuruví
toda palavra nua me tesa
como o t da tua tigresa
matisse que nunca vi


artur Gomes
http://tropicanalice.blogspot.com

a flor que alice traz na boca
não tem hóstia nem baton
é flor de lírios do cerrado
de um tom quase encarnado
meio carmim meio marron
cor dos olhos de alguém
que nunca vi numa janela
só ali pele e tecido
dentre a roupa sob pêlos
de um furor em carne viva
onde o sangue corre solto
e a pele ouro ao sol
risco de luz ao meio dia
cheirando sexo todos poros
e um estranha solidão
o teu nome
quase sempre em minha boca
como um beijo nunca findo
e o teu ser me permitindo
que entre pétalas e pedras
sangrasse o hímen da paixão

IBIRAPITANGA

hoje vi na rua a palavra
ibirapitanga que eu não conhecia
e mesmo não a conhecendo
já sabia que existia

assim como: ibirapitinga
ibiratininga
annhangabaú anhanguera
araraquara jabaquara
Ibirapuera

leia aqui:
http://goytacacity.blogspot.com

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Ibirapitanga


hoje vi na rua a palavra
ibirapitanga
que eu não conhecia
e mesmo não a conhecendo
já sabia que existia

como ibiratininga
ibirapitininga
ipiranga
pacaembu
ibirapuera
anhangabaúanhangüera
araraquarajabaquara
itaquera

não sei se é tupy
não sei se guarani
guarani tupy
tupy guaranicangaíbacambaíba
tupinambá
guriri
puri
guaicurus
guarulhos
guaianases
goytacá

palavra mansa
ou besta fera
piracicaba
pirapitanga
pirapora
abatimirim
amendoim
araçá
araçatuba
aymorés
guaporé
ibiraçu
araguaia Araguari
arara
araruama
avaré
barueri
boitatá
butantã
ou boissucanga


assim como tamoio
tapajós
carijós
taubaté
tupiniquim
tremembévotuporanga


embu guaçu
grumari
guaçutinga
guaiapá
guaiaruna
guapimirim
guará
guarabira
guaraci
guaraciaba
guarapiranga
guararema
guaratinga
guaratinguetá
guaraná
guarapari
guauarujá


ibiraci
ibirapiroca
ibirataíba
ibiratinga
ibiri
ibitiba
ibitinga
ibituruna
imbé
imburi
ingá
inhambu
ipanema
ipatinga
ibiporanga
ibitioca

iriri
itaberaba
itabira
itaboraí
itacolomi
itacolomi
itacuã
itajaí
itanhaém
itapecerica
itapema
itapevi
itapoá – itapuã
itaquaquecetuba
itabapuana
itereré
itu
ituberaba
ituverava

Japira
Jabuti
jabuticaba
jacareí
Jaci
jacira
jaçanã
jacutinga
japi
jararaca
jatobá
juá
juciara
jundiaí
Jupiá
Jupira
jequié
juquiá
juréia
jurema
jurupi
jussara

mandioca
macunaíma
sagaranagem fulinaíma
maniçoba
mairiporã
manga
mangaba
maracanã
marajó marajoara
moema
mogi
monguaguá
muiraquitã
muriaé
itaocara

paçoca
paquetá
paraguassu
paraitinga
paraná
paranapanema
paranapiacaba
parati
parnaíba
peruíbe
pindaíba
pindamonhangaba
piracaá
piracajara
piracanjuba
piracatinga
piranga
pirassununga
pitinga
piriri
piririca
pirigua
Purus
peri
pracará
quipari
roraima

saci
sapucaia
saracura
saracutinga
siri
sorocaba
sucuri
surubim
surucucu
suruí-aiqueuara

tabatinga
taguatinga
tapera
tararaca
tarumã
tatuí
tocantins
tucunaré

ubatuba
ubirajara
urubu
urutu
ururaí
utinga
xavante
xingu
aymorés
tumiaru
tibiriçá

aracatu
aracati
araquari
araçá araci

bertioga
bariri
bicuibaçu
biguá
birigui
biriba
boiçununga
boiutuçu
surucucu
cacomanga

caingangue
caipira
sucupira
caipora
capixaba
cambuci
cairu
caraguatatuba
carajás
carapicuíba
caratinga
carangola

congonhas
carioca
cubatão
copacabana
cumbica
curitiba
cururu
caatingacaicanga
caipóou mar de angra
cariri caicócaramuru
cajurus e
cataguases

eu sei que sou das minas
como sou dos goytacazes.

artur gomes
nação goytacá
http://carnavalhagumes.blogspot.com/

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Oi, Artur !Escrevi inspirada no "Jura Secreta 13"



era gase ,
véu de noite
um mês em cada ano
palavra cara
carne viva corpo e dor
de manhã letras
cruzadas no amor
lua cheia da loucura
grega fala
não te escuto
rosa , rima
eu te sinto
violeta não te culpo
fogo pira endoidamos
morremos tantos sonhos
e acordamos
eu te amei
no último vexame
cortados de serras
nos deixamos.

Amo as tuas falas. Versos inimagináveis !
Vou postar o que eu puder, no Cariricaturas.
Que todos possasm ter acesso à tua arte.
Obrigada, poeta !
Socorro Moreira

terça-feira, 27 de outubro de 2009

letras celestiais

caído do céu poema azul
ácido pássaro abatido de gozo e riso
banido do paraíso
ferido em tombo preciso
letra de fado ritmo de samba
soar colorido feito blues
de branco tingido
que deus me prove
vai que o céu é mais ao sul
e deus me love
e deus me livre de ser eu
a besta do após calipso
vai que eu sei que viro a mesa
luso-afro-brasileira
de madeira nobre
expondo os restos coloniais
desta nação de hipócritas
mostrando os rastros
desta história corrompida
vai que sei
não estou só
e não é só meu esse nó
e esse bom gosto na língua

rodrigo mebs
http://frutafarta.blogspot.com/

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

humanice



eu sei
que você sabe que eu sei
que essa tal
insanidade
já é lei nessa cidade

afinal antes dos fins de semana
e feriados nacionais
o que emana não irmana

eu sei
que você sabe que eu sei
que essa tal
insanidade
agora é lei necessidade

afinal antes dos fins de semana
e dos periódicos semanais
palavra é só o que engana

eu sei
que você sabe que eu sei
que essa tal
insanidade
já é unanimidade

afinal antes do fins de semana
e das cinzas dos carnavais
é tudo carne e grana

eu sei até de mais
que todos os anos
antes dos dias santos
somos menos humanos
que os animais

rodrigo mebs
Artur Gomes & Mayara Pasquetti


Beatriz e o Poeta


Artur Gomes & Mayara Pasquetti Jura Não Secreta


Artur Gomes & Mayara Pasquetti Fulinaimagem


Cena do Primeiro Encontro


O que é que mora em tua boca bia

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Poéticas Áudio Visuais

O vôo dos albatrozes


Albatrozes na costa da lagoa


Na costa da lagoa


Travessia da lagoa da conceição


A montanha bêbada


Praia de Moçambique


Areal da costa de Moçambique

sábado, 26 de setembro de 2009

palavras crespas
borbulham na mente
quando o sol se apaga

lembranças espessas
são guizo de serpente
quando a noite se propaga


Úrsula Avner


Nerudianas

Prefiro que não, amada.
Para que nada nos amarre
que nada nos una.

Nem a palavra que aromou tua boca,
nem o que não disseram as palavras.
Nem a festa de amor que não tivemos,
nem teus soluços perto da janela.

Amo o amor dos marinheiros
que beijam e se vão.
Deixam uma promessa.
Não voltam nunca mais.

Em cada porto uma mulher espera:
os marinheiros beijam e se vão.

Uma noite se deitam com a morte
no leito do mar.

(Pablo Neruda in Crepusculario)

Seria tua musa desde que
aprendêssemos a roçar
minha língua tua língua
envolvidas nesse mar.

Envolvidas nesse mar
suculentas nerudianas
mil histórias duas bocas
minha língua tua língua

alagadas tateando
aprendêssemos a roçar
enviesadas declarando.

Seria tua musa desde que
duas línguas um destino
soubessem conspirar.

Lou Vilela
http://nudezpoetica.blogspot.com/

quinta-feira, 24 de setembro de 2009



A campanha Loucos Somos Nós, além do recolhimento de doações(material de limpeza, higiene pessoal e roupas usadas), prevê ações com arte cultura e lazer voltadas para os pacientes do referido hospital, constituindo assim um projeto Social permanente da Associação de Arte e Cultura Esporte e Lazer Nação Goytacá.
As doações serão entregues diretamente ao Hospital em horários e dias que divulgaremos brevemente.

Overcoming Skate Vídeo

Família do Skate se junta a Nação Goytacá
e a ProBeach Vôllei na campanha Loucos Somos Nós
em prol do Hospital João Vianna. –

Dia 26 setembro setembro 2009
19:00 – Furdunço Etílico – Semana da Imprensa
20:00h – Lançamento da Campanha Loucos Somos Nós
22:00h - volta da banda Avyadores doBrazyl
+ Reubes Pess + Humor + Eixo Nacional + Rock
Blues Poesia + Graffiti & Outros Baratos Afins

Taberna D Tutty – Rua das Palmeiras, 13

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

declaração inteira

tenho dez almas:

uma de carne
onde me exponho aos instintos.

a segunda entrego ao zelador
par que o espanador a inflame.

a terceira
quarta
quinta
sexta
sétima
oitava
entrego-as à mulher amada
para seu domínio completo

a nona carrego comigo
para sustentar o que de solidão exala

a décima
o que sobra dessa solidão


celso borges

Poema obsceno

Façam a festa
cantem e dancem
que eu faço o poema duro
o poema-murro
sujo
como a miséria brasileira

Não se detenham:
façam a festa
Bethânia Maninho
Clementina
Estação Primeira de Mangueira Salgueiro
gente de Vila Isabel e Madureira
todos
façam
a nossa festa
enquanto eu soco este pilão
este surdo
poema
que não toca no rádio
que o povo não cantará
(mas que nasce dele)
Não se prestará a análises estruturalistas
Não entrará nas antologias oficiais

Obsceno
como o salário de um trabalhador aposentado
o poema
terá o destino dos que habitam
o lado escuro do país- e espreitam.

Ferreira Gullar
Mais sobre Ferreira Gullar em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ferreira_Gullar



Máquina do Tempo

E como eu palmilhasse vagamente
uma estrada de Minas, pedregosa,
e no fecho da tarde um sino rouco

se misturasse ao som de meus sapatos
que era pausado e seco; e aves pairassem
no céu de chumbo, e suas formas pretas

lentamente se fossem diluindo
na escuridão maior, vinda dos montes
e de meu próprio ser desenganado,

a máquina do mundo se entreabriu
para quem de a romper já se esquivava
e só de o ter pensado se carpia.

Abriu-se majestosa e circunspecta,
sem emitir um som que fosse impuro
nem um clarão maior que o tolerável

pelas pupilas gastas na inspeção
contínua e dolorosa do deserto,
e pela mente exausta de mentar

toda uma realidade que transcende
a própria imagem sua debuxada
no rosto do mistério, nos abismos.

Abriu-se em calma pura, e convidando
quantos sentidos e intuições restavam
a quem de os ter usado os já perdera

e nem desejaria recobrá-los,
se em vão e para sempre repetimos
os mesmos sem roteiro tristes périplos,

convidando-os a todos, em coorte,
a se aplicarem sobre o pasto inédito
da natureza mítica das coisas,

assim me disse, embora voz alguma
ou sopro ou eco ou simples percussão
atestasse que alguém, sobre a montanha,

a outro alguém, noturno e miserável,
em colóquio se estava dirigindo:
"O que procuraste em ti ou fora de

teu ser restrito e nunca se mostrou,
mesmo afetando dar-se ou se rendendo,
e a cada instante mais se retraindo,

olha, repara, ausculta: essa riqueza
sobrante a toda pérola, essa ciência
sublime e formidável, mas hermética,

essa total explicação da vida,
esse nexo primeiro e singular,
que nem concebes mais, pois tão esquivo

se revelou ante a pesquisa ardente
em que te consumiste... vê, contempla,
abre teu peito para agasalhá-lo.

”As mais soberbas pontes e edifícios,
o que nas oficinas se elabora,
o que pensado foi e logo atinge

distância superior ao pensamento,
os recursos da terra dominados,
e as paixões e os impulsos e os tormentos

e tudo que define o ser terrestre
ou se prolonga até nos animais
e chega às plantas para se embeber

no sono rancoroso dos minérios,
dá volta ao mundo e torna a se engolfar,
na estranha ordem geométrica de tudo,

e o absurdo original e seus enigmas,
suas verdades altas mais que todos
monumentos erguidos à verdade:

e a memória dos deuses, e o solene
sentimento de morte, que floresce
no caule da existência mais gloriosa,

tudo se apresentou nesse relance
e me chamou para seu reino augusto,
afinal submetido à vista humana.

Mas, como eu relutasse em responder
a tal apelo assim maravilhoso,
pois a fé se abrandara, e mesmo o anseio,

a esperança mais mínima — esse anelo
de ver desvanecida a treva espessa
que entre os raios do sol inda se filtra;

como defuntas crenças convocadas
presto e fremente não se produzissem
a de novo tingir a neutra face

que vou pelos caminhos demonstrando,
e como se outro ser, não mais aquele
habitante de mim há tantos anos,

passasse a comandar minha vontade
que, já de si volúvel, se cerrava
semelhante a essas flores reticentes

em si mesmas abertas e fechadas;
como se um dom tardio já não fora
apetecível, antes despiciendo,

baixei os olhos, incurioso, lasso,
desdenhando colher a coisa oferta
que se abria gratuita a meu engenho.

A treva mais estrita já pousara
sobre a estrada de Minas, pedregosa,
e a máquina do mundo, repelida,

se foi miudamente recompondo,
enquanto eu, avaliando o que perdera,
seguia vagaroso, de mãos pensas.

Carlos Drummond de Andrade



Gilda

Não ponha o nome de Gilda
na sua filha, coitada,
Se tem filha pra nascer
Ou filha pra batisar.
Minha mãe se chama Gilda,
Não se casou com meu pai.
Sempre lhe sobra desgraça,
Não tem tempo de escolher.
Também eu me chamo Gilda,
E, pra dizer a verdade
Sou pouco mais infeliz.
Sou menos do que mulher,
Sou uma mulher qualquer.
Ando à-toa pelo mundo.
Sem força pra me matar.
Minha filha é também Gilda,
Pro costume não perder
É casada com o espelho
E amigada com o José.
Qualquer dia Gilda foge
Ou se mata em Paquetá
Com José ou sem José.
Já comprei lenço de renda
Pra chorar com mais apuro
E aos jornais telefonei.
Se Gilda enfim não morrer,
Se Gilda tiver uma filha
Não põe o nome de Gilda,
Na menina, que não deixo.
Quem ganha o nome de Gilda
Vira Gilda sem querer.
Não ponha o nome de Gilda
No corpo de uma mulher.

Murilo Mendes



POEMA PARA O ÍNDIO XOKLENG

Se um índio xokleng
sub
jaz
no teu crime branco
limpo depois de lavar as mãos

Se a terra
de um índio xokleng
alimenta teu gado
que alimenta teu grito
de obediência ou morte

Se um índio xokleng
dorme sob a terra
que arrancaste debaixo de seus pés,
sob a mira de tua espingarda
dentro de teus belos olhos azuis

Se um índio xokleng
emudeceu entre castanhas,
bagas e conchas
de seus colares de festa
graças a tua força, armadilha, raça:
cala tua boca de vaidades
e lembra-te de tua raiva, ambição, crueldade

Veste a carapuça
e ensina teu filho
mais que a verdade camuflada
nos livros de história

Lindolf Bell

(enviado pela pesquisadora urda Kuegler, de Sc.
Em memória do grande poeta catarinense, existe em Timbó, sua cidade natal, o centro de memória Lindolf Bell, onde viveu e onde estão devidamente preservados móveis,objetos,livros, manuscritos ,etc.
A curadora é sua filha Rafaela Heting bell, filha da artista plástica ,a escutora Elke Hering Bell. Rafaela , que cresceu em meio à poesia paterna e à arte materna, galeria de arte de seu pai, é diretora do MAB(Museu de Arte de Blumenau). A galeria do poeta, que foi conhecido marchand chamou-se Açu-Açu.
AÇU - quer dizer "grande", "comprido". Açu-açu: muito grande. Os indígenas repetem a palavra, para dar a noção de muito, de grande, de muitos. Assim, pana-paná, muitas borboletas. Ati-ati: muitas gaivotas.



Terra de santa cruz

ao batizarem-te
deram-te o nome
posto que a tua profissão
é abrir-te em camas
dar-te
em ferro
ouro
prata
rios
peixes
minas
mata
deixar que os abutres
devorem-te na carne
o derradeiro verme

sal gado mar
de feses
bnatendo nas muralhas
do meu sangue confidente
quem botou o branco
na bandeira de alfenas
só pode ser canalha
na certa se esqueceu
das orações dos penitentes
e da corda que estraçalha
com os culhões de tiradentes

salve-lindo pendão
que balança
entre as pernas
abertas da paz
tua nobre sifilítica
herança
dos rendevouz
de impérios atrás

meu coração
é tão hipócrita
que não janta
e mais imbecil
que ainda canta:
ou
viram no Ipiranga
às margens plácidas
uma bandeira arriada
num país que não levanta.

fosse o brazil mulher das amazonas
caminhasse passo a passo
disputasse mano a mano
guardasse a fauna e a flora
da fome dos tropicanos
ouvisse o lamentos dos peixes
jandaias araras e tucanos
não estaríamos assim condicionados
aos restos do sub-humano

só desfraldando a bandeira tropicalha
é que a gente avacalha
com as chaves dos mistérios
desta terra tão servil:
tirania sacanagem safadeza
tudo rima uma beleza
com a pátria mãe que nos pariu

bem no centro do universo
te mando um beijo ó amada
enquanto arranco uma espada
do meu peito varonil
espanto todas as estrelas
dos berços do eternamente
pra que acorde toda esta gente
deste vasto céu de anil
pois enquanto dorme o gigante
esplêndido sono profundo
não vê que do outro mundo
robôs te enrrabam ó mãe gentil

telefonaram-me
avisando-me que vinhas
na noite
uma estrela
ainda brigava
contra a escuridão
na rua sob patas
tombavam homens indefesos
esperei-te 20 anos
até hoje não vieste à minha porta
- foi um puta golpe!

o poeta estraçalha a bandeira
raia o sol marginal Quinta feira
na geléia geral brazileira
o céu de abril não é de anil
nem general é my brazil
minha ver/amarela esperança
portugal já vendeu para a frança
e o coração latino balança
entre o mar de dólar do norte
e o chão dos cruzeiros do sul
o poeta esfrangalha a bandeira
raia o sol marginal Sexta feira
nesta porra estrangeira e azul
que a muito índio dizia:

meu coração marçal tupã
sangra tupi & rock in roll
meu sangue tupiniquim
em corpo tupinambá
samba jongo maculelê
maracatu boi bumbá
a veia de curumim
é coca cola & guaraná

o sonho rola no parque
o sangue ralo no tanque
nada a ver com tipo dark
muito menos com punk
meu vício letal é baiafro
com ódio mortal de yank

ó baby a coisa por aqui
não mudou nada
embora sejam outras
siglas no emblema
espada continua a ser espada
poema continua a ser poema

Artur Gomes
Nação Gýtacá
http://goytacity.blogspot.com/



segunda-feira, 21 de setembro de 2009

LeminskiArte da palavra em cena
Artur Gomes e Mayara Pasquetti
De 5 a 10 outubro 2009
Congresso Brasileiro de Poesia
Bento Gonçalves - RS



CREDO

Creio na significação do espaço
desbravado em ondas
na consecução do plano inferior
da metamorfose entre o sim
e o não na aceitação dos fatos
na proibição do consumido
em dias alternados conforme dito
aos deuses no esquecimento
na marcação da pele em suaves
disputas introduzidas em pontos
de indignação e coragem
elevada ao silêncio da palavra
em desculpa e ausência
no amor ofertado e possuído
como entrega e estrada percorrida
na idealização do reflexo sobre
o espelho estraçalhado em imagens.

(Pedro Du Bois, inédito)
http://pedrodubois.blogspot.com
outros poemas:
http://valeemversos.blogspot.com/



poema para um olhar dalí

dentro do arame farpado
este poema deve ter entrado
para nunca mais sair

PÁTRIA(R)MADA

só me queira assim caçado
mestiço vadio latino
leão feroz cão danado
perturbando o seu destino

e só me queira encapetado
profanando àqueles hinos
malandro, moleque, safado
depravando os seus meninos

só me queira enfeitiçado
veloz, macio, felino
em pêlo nu depravado
em sua cama sol a pino

e só me queira desalmado
cão algoz e assassino
duplamente descarado
quando escrevo e não assino

antLírica

eu não sou zen
muito menos zhô
nem tão pouco
zapa
nem ando na contra capa
do teu disquinho
digital

não alinho pela esquerda
nem à direita do fonema
vôo no centro/viagem
olho rasante/miragem
veia pulsante/poema

Lady Gumes African's Baby

meto meus dedos cínicos
no teu corpo em fossa
proclamando o que ainda possa
vir a ser surpresa
porque amor não tem essa
de cumer na mesa
é caçador e caça
mastigando na floresta
todo tesão que resta
desta pátria indefesa

ponho meus dedos cínicos
sobre tuas costas
vou lambendo bostas
destas botas NeoBurguesas
porque meu amor não tem essa
de vir a ser surpresa
é língua suja grossa visceral ilesa
pra lamber tudo que possa
vomitar na mesa
e me livrar da míngua
dessa língua portuguesa.


sousAndrática

leve
ave pena
leve
arara amazônica
breve sobrevoa
rara lâmpada
límpida
azul de zinco
impávida oceânica
cérebro vivo
ofusca
a serra wall street
cega
bela city desumana
anti passarada
morte
que me roa
ave pena
leve
sousândrade
que me voa



SampleAndo

o poema pode ser um beijo em tua boca
carne de maçã em maio
um tiro oculto sob o céu aberto
estrelas de neon em vênus
refletindo pregos no meu peito em cruz

na paulista consolação
na na água branca barra funda
metal de prata desta lua que me inunda
num beijo sujo como a estação da luz

nos vídeos/filmes de TV
eu quero um clipe nos teus seios quentes
uma cilada em tuas coxas japa
como uma flecha em tuas costas índia
ninja, gueixa
eu quero a rota teu país ou mapa
teu território devastar inteiro
como uma vela ao mar de fevereiro
molhar teu cio e me esquecer na lapa



transparências no papel a seda
grafismo em carne minha cor nos dedos
recortes visuais no olho vazados
como um cão em marte
fissura de espada em riste
aponto minha língua em cortes
a flama do meu sangue em chamas
imagens regrafando imagens
a sombra do objeto em prismas
o dedo no gatilho oculto
atiro
contra o tédio infame
pedaços do meu corpo em prumo
poemas refazendo em transe
retalhos de um tecido em partes
seguindo por segundo a trilha
na etérea construção da arte

veredas pois...

o vácuo na palavra
espaço entre o tempo e o oco
do tempo as letras
uma a uma não dizendo nada
poema inconcluso onde uso
a cardioGrafia das pedras
como espelho d’água
as paredes das palavras
as muralhas dos poemas
as cordilheiras das letras
a criação das coisasa que damos nome
anna katarina do itanhandu
a pele de sol na carne da lua
o sangue das estátuas
a escritura das veias
junto a isso leio os passos
da noite e as curvas do trem
na estação
da janela a montanha nos olhos
contraste entre o solar e os edifícios
escuto teu silêncio incauto
e ladro como um cão vencido
a lua me persegue em signos
na boca de um dragão noturno
a coisa que percebo é vasta
letreiros urbanizando íntimos
a pedra do meu sonho é gêmea
irmã dos teus segredos ínfimos

Artur Gomes
http://multiartecultura.blogspot.com





pária

somos poucos
cada vez menos

somos loucos
cada vez mais

somos além
dessa matéria óbvia
que nos faz dizer
— tá tudo bem.

celsoborges

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Overcoming Skate Vídeo

Família do Skate se junta a Nação Goytacá
e a ProBeach Vôllei na campanha Loucos Somos Nós
em prol do Hospital João Vianna. –

Dia 26 setembro setembro 2009
19:00 – Furdunço Etílico – Semana da Imprensa
20:00h – Lançamento da Campanha Loucos Somos Nós
22:00h - volta da banda Avyadores doBrazyl
+ Eixo Nacional + Rock Blues Poesia
+ Graffiti & Outros Baratos Afins

Taberna D Tutty – Rua das Palmeiras, 13

http://overcomingskateblog.blogspot.com
http://www.youtube.com/watch?v=geeo2Lnp8wM&feature=player_embedded

o delírio é a lira do poeta
se o poeta não delira
sua lira não profeta

arturgomes

Nação Goytacá
http://goytacity.blogspot.com

terça-feira, 15 de setembro de 2009

um dia
a gente ia ser homero
a obra nada menos que uma ilíada
depois
a barra pesando
dava pra ser aí um rimbaud
um ungaretti um fernando pessoa qualquer
um lorca um éluard um ginsberg
por fim
acabamos o pequeno poeta de província
que sempre fomos
por trás de tantas máscaras
que o tempo tratou como a flores

eu queria tanto
ser um poeta maldito
a massa sofrendo
enquanto eu profundo medito

eu queria tanto
ser um poeta social
rosto queimado
pelo hálito das multidões
em vez
olha eu aqui
pondo sal
nesta sopa rala
que mal vai dar para dois

o paulo leminski
é um cachorro louco
que deve ser morto
a pau a pedra
a fogo a pique
senão é bem capaz
o filha da puta
de fazer chover
em nosso piquenique

acordei bemol
tudo estava sustenido
sol fazia
só não fazia sentido

nunca quis ser
freguês distinto
pedindo isso e aquilo
vinho tinto
obrigado
hasta la vista
queria entrar
com os dois pés
no peito dos porteiros
dizendo pro espelho— cala a boca
e pro relógio
— abaixo os ponteiros

quando eu tiver setenta anos então
vai acabar esta adolescência
vou largar da vida louca
e terminar minha livre docência
vou fazer o que meu pai quer
começar a vida com passo perfeito
vou fazer o que minha mãe deseja
aproveitar as oportunidades
de virar um pilar da sociedade
e terminar meu curso de direito
então ver tudo em sã consciência
quando acabar esta adolescência

um dia desses quero ser
um grande poeta inglês
do século passado
dizeró céu ó mar ó clã ó destino
lutar na índia em 1866
e sumir num naufrágio clandestino

todo bairro tem um louco
que o bairro o trata bem
só falta mais um pouco
para eu ser tratado também


vendi meus filhos
a uma família americana
eles tem carro eles tem grana
eles tem casa a grama é bacana
só assim eles podem voltar
e pegar um sol em Copacabana


bom dia poetas velhos
me deixem na boca
o gosto de versos
tão fortes que não farei
dia virá que vos saiba
tão bem que os cite
como quem tê-los
um tanto feitos também
acredite


entre a dívida externa
e a dúvida interna
meu coração comercial
alterna

quando olho nos olhos
sei quando uma pessoa
está por dentro
ou está por fora
quem está por fora
não sustenta um olhar
que demora
diante do meu centro
este poema me olha

ali se Alice ali se visse
quando Alice viu e não disse
se ali Alice dissesse
quanta palavra veio
e não desce
ali bem ali
dentro da Alice
só Alice com Alice
ali se parece

Paulo Leminski





desagosto

noutro dia um cão raivoso
espumando versos pela boca,
disse sol à nuvem louca
e o inverno inverso, rigoroso,
fez-se ainda mais intenso!
punhal de gelo na carne pouca,
que racha, sangra e estanca
entre a pele e a roupa.

mas, o andarilho lindo e asqueroso,
como brilho de amor, imenso,
ainda trilha as ruas sujas
nas cidades do que eu penso.

rodrigo mebs
http://frutafarta.blogspot.com/

A LUZ DESPOSSUÍDA

A luz
as luzes
esperado encontro da visão
e o objeto visto
avistado
iluminado
no instante
em que a razão
cede ao impulso

retorno
como pedra bruta
na terra revolvida
do acariciar da luz
sobre o corpo

a luz do amanhecer
transporta ao início
em fotossíntese.

(Pedro Du Bois, A LUZ DESPOSSUÍDA)
http://pedrodubois.blogspot.com

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Loucos Somos Nós
Uma campanha da Nação Goytacá em prol
do Hospital João Vianna – breve mais detalhes.
Lançamento dia 26 setembro - 20:00h
Taberna D Tutty - Rua das Palmeiras, 13

Congresso Brasileiro de Poesia
De 5 a 10 Outubro 2009
Bento Gonçalves – Rio Grande do Sul
maiores informações: adebach@gmail.com

May interpeta Artur Gomes – filme de Jiddu Saldanha


Tão Pimenta Tão Petróleo =filme de Artur Gomes


Bolero Blue

beber desse conhac em tua boca
para matar a febre nas entranhas
entre/dentes
indecente é a forma que te como
bebo ou calo
e se não falo quando quero
na balada ou no bolero
não é por falta de desejo
é que a fome desse beijo
furta qualquer outra palavra presa
como caça indefesa
dentro da carne que não sai

arturgomes
nação goytacá – presidente
http://goytacity.blogspot.com/

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Amor amado

Entra amor
esta sala tem as tuas medidas
ninguém mais poderia
nunca ocupá-la
Teu nome está escrito
nas invisíveis paredes
que retém o ardente fogo
que emana das letras
do nome que eu semento
e cultivo
em minha alma: O teu nome
Entra e sai livremente
como se jamais portas
fossem inventadas
Quero ser para ti um templo
sem limites
sem regras
que não sejam as tuas próprias
Entra
e se queres
profana-me
pois tu és aqui
o único Deus.

Concha Rousia

NADA

é o que
parece
neste

RIO

que me
apetece


Jaciara

SOBRE UVAS


Esbagaço a uva
esmago o grão
devolvo a casca ao solo.

Agradeço o sumo
e me despeço
em cálices de adivinhações.

Deixo amadurecer o grão.
Fermentado. Ensolarado
adocica o sentido
contraditório da urgência.

Esbagaço o corpo e dedico
o tempo a retirar
o espaço entre os grãos.

Pedro Du Bois, inédito

http://pedrodubois.blogspot.com/
outros poemas:
http://valeemversos.blogspot.com/

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Alucinações InterpoÉticas

o que é que mora
em tua boca Bia
um Deus um anjo
ou muitos dentes claros
como os olhos do diabo
e uma estrela como guia
?

o que é que arde
em tua boca Bia
azeite sal pimenta e alho
résteas de cebola
carne crua do k ralho
um cheiro azedo de cozinha
tua boca é como a minha
?

o que é que pulsa
em tua boca Bia
mar de eternas ondas
que covardes não navegam
rios de águas sujas
onde os peixes se apagam
?

ou um fogo
cada vez mais Dante
como este em minha boca
de poeta/delirante
nesta noite cada vez mais dia
em que acendo os meus infernos
em tua boca Bia
?

artur gomes
http://multiartecultura.blogspot.com

ENGENHOS

O amor
é doce
como o céu da sacarose
da mais pura linhagem.

O amor
é doce
como o mel da sacanagem
da mais puta overdose
que o produziu.

O amor
é acaso.
(ocasos, arrebóis
nada tem
nada com isso).

O amor
é um caso
flagrante
triturado a todo
caldo,
trucidado a
todos-os-dias
por nossas almas
e corpos
diletantes.

marco valença.
http://olhonolho.blogspot.com/

Boca do Inferno


Jura Secreta 14

eu te desejo flores lírios brancos girassóis
rosas vermelhas margaridas
tudo quanto pétala
asas estrelas borboletas
alecrim bem-me-quer e alfazema

eu te desejo emblema
deste poema desvairado
com teu cheiro
teu perfume teu suor teu sabor tua doçura

e na mais santa loucura
declarar-te amor até os ossos
eu te desejo e posso
palavrArte até a morte
enquanto a vida nos procura

Artur Gomes
Nação Goytacá – presidente
http://goytacity.blogspot.com/

eu te penetro
em, nome o do pai
do filho
do espírito santo
amém

não te prometo
em nome
de ninguém


terra,
antes que alguém morra
escrevo prevendo a morte
arriscando a vida
antes que seja tarde
e que a língua da minha boca
não cubra mais tua ferida

entre/aberto
em teus ofícios
é que meu peito de poeta
sangra ao corte das navalhas
e minha veia mais aberta
é mais um rio que se espalha

amada de muitos sonhos
e pouco sexo
deposito a minha boca
no teu cio
e uma semente fértil
nos teus seios
como um rio

o que me dói é ter-te
devorada por estranhos olhos
e deter impulsos
por fidelidade

ó terra incestuosa
de prazer e gestos
não me prendo ao laço
dos teus comandantes
só me enterro à fundo
nos teus vagabundos
com um prazer de fera
e um punhal de amante
minha terra é de senzalas tantas
enterra em ti milhões de outras esperanças
soterra em teus grilhões a voz que tenta
- avança – plantada em ti
como canavial que a foice corta
mas cravado em ti me ponho a lua
mesmo sabendo o – vão –
estreito em cada porta

usina
mói a cana
o caldo e o bagaço
usina
mói o braço
a carne o osso
usina
mói a fruta
o sangue e o caroço
tritura suga torce
dos pés até o pescoço
e do alto da casa grande
os donos do engenho controlam:
o saldo e o lucro


arturgomes
http://tropicanalice.blogspot.com

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Ode ao Chocolate


“ come chocolate menina come chocolate
e não há mais metafísica no mundo
do que comer chocolate’
fernando pessoa

amo esta mulher
que me lembe em chocolate
como menina travessa
me levando ao cheque mate
na subida da brigadeiro
com avenida luiz antônio
me arrastando na augusta
e o que me custa
dar-te-me em brigadeiro
com gosto de beijos na boca
agora que me chamam
o louco da paulista
e nem Oswald sequer eu sou
Mário muito menos
Itamar um tanto quase
Edvaldo mais ainda
cão das periferias
com essa voragem vadia
em dia de aniversário
e essa mulher me invade
com seu desejo de doce
e se poeta eu não fosse
ou mesmo se fosse um padre
rasgaria toda batina
como esse fogo me rasga
e a levaria pra casa
de brigadeiros da esquina
por todas honras de um vate
e lambuzaria a menina
com meus dedos de chocolate

Artur Gomes
http://multiartecultura.blogspot.com/

domingo, 23 de agosto de 2009

imbuia

imbuir-me
na loucura
nunca mais à imbuia
ir

embuir-me
no esquecimento
e à imbuia partir

embuir-me
na coragem
de imbuia não
sentir

imbuir-me na lembrança
em imbuia
finir

Jaciara
S.

Memorial das Laranjeiras

o livro e tua pele de sombras
atravessa o túnel do tempo
com a tua carcaça sem alma

vejo teus olhos acesos
e sonho o nome do que vejo
verlaine talvez nos seguisse
parasse o trem no momento

santa úrsula e santa bárbara
dormem dentro da pedra
ao lado do palácio
bem perto do perigo

passeiam por trás das memórias

oxossi que nos proteja
por estes ossos de fedra
em cada prece que eu reze
para encantar as serpentes
para esquecer o que seja
na tua boca sem beijo


por quantos e-mails postados
no livro o nosso infinito
do antes agora depois

arturgomes
http://multiartecultura.blogspot.com/



Jura secreta 84

não estando aqui
mas como se estivesse
e esse poema fosse fruto
uva manga pêra pêssego
em tua pele de seda
fosse setembro já vindo
outubro que nos espera
palavra espora ou espuma
em tuas mãos como plumas
em tua língua de púrpuras
quando me fala do agora
do corpo que treme de febre
ou grita paixão entre os poros
e salta saudade entre os pêlos
como se fosse esta tarde
o dia em que conhecemos
um outro outubro lá dentro
das veias e vivas memórias
de azul vestida de rendas
na sala eu te olhava de longe
depois te peguei pelos braços
e poemas falei bem de perto
na tua boca me via
dentro os teus olhos pulsavam
peguei tuas mãos que tremiam
e o pulso já pela garganta
este poema uma planta
em tua carne sedenta
de águas cervejas de vinhos
e nestas linhas te bebo
como voraz passarinho

arturgomes
Nação Goytacá
http://goytacity.blogspot.com/

LENTE RETRATISTA

Quando a idéia não é tua
Nem tão minha
Menos mal
Vira idéia iluminada
Vira coisa canibal
Vira quadro na parede
Fome emoldurada
Outra sede surreal
Vira santa ceia
Réstia de breu
Que se ateia
Vira fogo e clareia
Sol deserto
Mar à vista
Avião que o ar
Tira da pista
Vira nau de água
Fina estampa escafandrista
Vira imagem concretista
Visagem
Na idéia de miragem
Nossa lente retratista.

Renato Gusmão

o poeta me viu

bastou um olhar
e pode ver
a mola mestra
da aprendiz
que sou

a escolha que fiz
no avesso e apesar
da sorte adversa
de não pesar
de ser feliz

poeta é quem vê
o que não é de dizer
e ainda assim
diz

Alice Ruiz



Nação Goytacá Elege Diretoria

Em Assembléia realizada na tarde do último sábado dia 22 de agosto de 2009, na Rua das Palmeiras 13, em Campos dos Goytacazes, a Associação de Arte e Cultura Esporte e Lazer, n Nação Goytacá, elegeu a sua primeira Diretoria para um mandado de 2 anos de acordo com o seu Estatuto.
Terminada a Assembléia a Diretoria foi empossada e o Caldeirão Cultural rolou pela
madrugada a dentro na Taberna D Tutty, com as Bandas Eixo Nacional Skate Rock e Evolução da Espécie com intervenções poéticas dos poetas Artur Gomes e Adriano Moura

Diretoria Eleita

A primeira Diretoria da Nação Goytacá está assim constituída:
Presidente - Artur Gomes
Vice Presidente – Romualdo Braga
Secretária – Aucilene Freitas
Segunda Secretária – Adriana Medeiros
Tesoureira – Indrid de Mello Monteiro

Conselho Fiscal
Titulares:
Wellington Cordeiro
Alexandro Florentino
Maurício D Tutty

Suplentes:
Luiz de Souza Ribeiro Filho
Márcio de Aquino
Álvaro de Siqueira Manhães

Além da Diretoria Executiva, dentro das atribuições que o Estatuto da ONG Nação Goytacá confere ao seu Presidente, Artur Gomes, nomeou outros sócios fundadores, nas seguintes funções:

Diretor de Patrimônio - Harlem Pinheiro
Diretor Cultural – Adriano Moura
Diretor de Arte – Wellington Cordeiro
Diretor de Esporte – Water da Silva Klein
Diretor de Comunicação – Vítor Menezes
Diretora de Educação e Pesquisa – Vera Vasconcellos
Diretoras de Ações Sociais – Loana Rios e Mariângela Dias
Diretor Jurídico – Fernando M. Silva

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Esfinge

o amor
não e apenas um nome
que anda por sobre a pele
um dia falo letra por letra
no outro calo fome por fome

e que a pele do teu nome
consome a flor da minha pele

cravado espinho na chaga
como marca cicatriz
eu sou ator ela esfinge
clarisse/beatriz

assim vivemos cantando
fingindo que somos decentes
para esconder o sagrado
em nosso profanos segredos
se um dia falta coragem
a noite sobra do medo

na sombra da tatuagem
sinal enfim permanente
ficou pregando uma peça
em nosso passado presente

o nome tem seus misterios
que se esconde sob panos
o sol e claro quando nao chove
o sal e bom quando de leve
para adoçar desenganos
na língua na boca na neve

o mar que vai e vem
não tem volta
o amor e a coisa mais torta
que mora lá dentro de mim
teu ceu da boca e a porta
onde o poema não tem fim

artur gomes
http://poeticasfulinaimicas.blogspot.com/




Vídeo filmado em Bento Gonçalves com a participação de Érica Ferri. trilha sonora de Zeca Baleiro sobre poema de Salgado Maranhão

domingo, 9 de agosto de 2009



olhos nos olhos

olhos líquidos
olhos secos
olhos doces
olhos salgados
olhos de areia
olhos nos óleos
olhos murchos
de peixe morto
olhos de sereia
olhos podres
olhos vivos
olhos que olhos
que me olhos
olhos de gato
olhos da noite
olhos de lince
olhos de águia
olhos de presa
olhos de medo
olhos de lágrimas
olhos míopes
hipermétropes
olhos estrábicos
olhos de vidro
olhos com lentes
olhos tristes
olhos contentes
olhos de sim
olhos de não
olhos da lei
olhos dos homens
olhos de deus
olhos de vento
olhos de furacão
olhos acesos
olhos apagados
olhos de santo
olhos de pecado
olhos serenos
olhos chapados
olhos raivosos
olhos quentes
olhos gélidos
olhos polares
olhos meus
olhos mais
olhos distintos
de tão iguais
olhos ausentes
olhos de gente
olhos azuis
olhos verdes
olhos castanhos
olhos negros
brancopacos
olhos cegos olhos vendo
custam os olhos
os olhos da cara
os olhos do rosto
os olhos do resto
os olhos do reto
os olhos do cu.

rodrigo mebs.
http://frutafarta.blogspot.com/

Não me procures ali Onde os vivos visitam Os chamados mortos. Procura-me Dentro das grandes águas Nas praças Num fogo coração Entre cavalos, cães, Nos arrozais, no arroio Ou junto aos pássaros Ou espelhada Num outro alguém, Subindo um duro caminho Pedra, semente, sal Passos da vida. Procura-me ali. Viva.

Hilda Hilst

in Da morte, Odes Mínimas

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Um vago desejo
porventura alivia
o mórbido consórcio
Versátil fraternidade
Incesto precauto a desvanecer,
Devanear

Volúvel aceno em vão
desiderium

As voltas com o despovoado
vagamundear
Em meio a sonâmbulos
insones, insanos sanados
Instável vagido
Ímpia compreensão

Ao vazio que a tudo detém
mover-me
Minudenciar
o evanescente avantesma
avaro de si

Jaciara S.

Ilha

Tanto pra ir
como pra voltar
sempre o mar
a me contornar.

Sou ilha,
entre nós,
só há água,
sem trilha.

Tanto faz
como tanto fez,
aqui jaz
imersa à minha tez!

Ilha fui,
serei,
eternamente,
me sei!!!

Ada Fraga
Vitória, 26/11/2008.



se eu canto
pouso a língua entre os dentes
rente
onde a saliva espraia
pele espuma arraia
algas de algum mar
distante
ondas de um pulsar
instante
em que 0 sol
nave metal aclara
areia
como se fosse
pele
conchas em tua
boca lua
nua dentro do mar
sereia
o canto
cravado na lua cheia
sangue
pulsante na tua veia
quando
piso na tua praia


arturgomes
http://arturgomesvideopoesia.blogspot.com/





desagosto

noutro dia um cão raivoso
espumando versos pela boca,
disse sol à nuvem louca
e o inverno inverso, rigoroso,
fez-se ainda mais intenso!
punhal de gelo na carne pouca,
que racha, sangra e estanca
entre a pele e a roupa.
mas, o andarilho lindo e asqueroso,
como brilho de amor, imenso,
ainda trilha as ruas sujas
nas cidades do que eu penso.

rodrigo mebs.
http://frutafarta.blogspot.com/



quase quasar

cravada de dia,
de luz que se irradia
tal qual e quanto antes,
a água clara e grata
cravada de diamantes.
diamantes solares,
serpentes de prata
sobre a face dos mares.
sementes de crepúsculo
enraizadas, contas, colares
no solo maiúsculo das ondas,
e nas tuas mãos em concha,
feito estranho molusco.
quase um quasar, caracol,
a guardar o som do mar
e as manhãs de sal e de sol.

rodrigo mebs.
http://frutafarta.blogspot.com/




LOUCURA

Esqueço a loucura
objeto
e sujeito refletidos
no entrelaçamento do presente:

a dúvida em linhas
enredadas refaz
mentes acostumadas
ao ordinário. A loucura

traduz adágios: o pensamento
exemplifica atrasos e o salto
(inelástico)
da responsabilidade.

Atento ao discurso paradigmático
da sobrevivência lembro a loucura
objeto
e trajeto do sujeito
apático ao faz de conta.

Pedro Du Bois, inédito
outros poemas:
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http://valeemversos.blogspot.com/