sexta-feira, 5 de junho de 2009










20 de fevereiro

fosse quântico esse dia
calmo
claro
intenso
inteiro
20 de fevereiro
sendo assim esperaria

mesmo que em meio a tarde
tempestades trovoadas
insanidades
guerras frias
iniquidade
angústia
agonia
mesmo assim esperaria

20 horas
20 noites
20 anos
20 dias
até quando esperaria?

até que alguém percebesse
que mesmo matando o amor
o amor não morreria

arturgomes
http://federicobaudelaire.blogspot.com/


fosse o que apenas já foi dito
escrito falado pensado
não fosse tudo o que já foi maldito
e nada do que nunca foi sagrado

falo em tua boca enquanto
um anjo em transe
me ilumina tanto
que mesmo mudo
em tua língua canto

como um diabo
que subindo aos céus
tentou muito mais de uma vez
quem sabe gregório ou quem sabe castro
descendo aos infernos
como sempre fez

talvez camões no corpo de um astro
me lance infinita a chama
da pornoGráfica lucidez

Esfinge 3

érica alice por quanto mais
eu não a visse estava ali
uma miragem
sem que eu fingisse
só voragem
uma mosca em minhas costas
tatuagem quase oposta

a mulher que em carne eu visse
me olhando bem de frente
com teus olhos de serpente
azuis que de repente
devoravam-me no que disse

travessia

de Almada
vou atravessar o Tejo
barco à vela
Portugal afora
em Lisboa
vou compor um fado
e cantar no Porto
feito um blues rasgado
de amor pela senhora
que me espera em paz
e todo vinho
que eu beber agora
será como beijo
que eu guardei inteiro
como um marinheiro
que retorna ao cais

quero dizer apenas
que não vale a pena
só te ver de longe
na fotografia
e pensar teu nome
para poesia
quero tocar teus poros
conhecer a pele
radiografar teus pêlos
ser teu dia a dia
A palavra surrealista é misteriosa, sedutora, erótica e até pornográfica. Entre lençóis de seda que tocam a pele na noite Severina, ou entre os espasmos das fantasias sexuais na mente, a poesia de Artur Gomes me enobrece. Porque sou parte do gênero humano e como amiga pessoal deste grande produtor cultural, sinto que suas palavras exercem o fascínio esquecido de todos nós. Obrigada por ser tão maravilhoso, querido amigo
Jura secreta 56

tens uma menina vadia
entre os teus olhos de ninfa
e o vulcão no teu umbigo
flor de lótus pele roxa
alguma alga marinha
na preamar das densas coxas
aberta mulher toda cio
desejo-te enquanto bebe come
onde provas do gozo ri e chora
teus beijos água de rio
mistério que me devora

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