quinta-feira, 20 de maio de 2010

brazilíricas









me espanta o espanto do gullar

com o poema que não vem





não estou nem aqui
não quero star
me vejo nos arcos


grafitando luas
em tuas mãos de chuva

como um domingo no parque





o rei da brincadeira é josé o rei da confusão é joão, um trabalhava na feira ê josé e outro na construção ê joão:


a primeira vez que ouvi(vi) gil na TV era 68, estava eu trancafiado entre as enormes paredes dos dragões da independência em brasília das quadrilhas, e não sabia nada de mim.





cda me disse que o poema vem
das tripas do intestino grosso
e faustino da vida toda linguagem





todos os dias quando acordo cedo
não tenho mais o tempo que passou:
renato russo ainda vivo como dantes





domingo no parque





todas manhãs quando acendo a tela me vem o filme suas mãos passeando pelas minhas costas tipo uísque riverdies noise craft pop rock poesia tarde inteira no parque da ruínas muito depois já madrugada na porta de entrada do edifício escuto o grito ela me chama fomos à cerveja no boteco ao lado na subida da Alice até a última porta se fechar minutos depois sentados na pracinha em frente ela devora um hambúrguer com seus lindos dentes eu devorava os dentes dela





canibália city





não sei se febre água fogo fala
bala na boca do gatilho
o olhar explode dinamite
no embrião do caos



de que feito esta cidade?
ela atravessa a grana pro marido



eu me deserto
me entorto
trago a língua endiabrada
dentro a boca
não me travo



a polícia implode
mais um bunker na favela
o senado vota a decisão
pro ficha limpa



agora me pergunto:



o que é que o marido
vai fazer com ela?


O POETA PEDE AO SEU
AMOR QUE LHE ESCREVA


Amor de minhas entranhas, morte viva,
em vão espero tua palavra escrita
e penso, com a flor que se murcha,
que se vivo sem mim quero perder-te.

O ar é imortal. A pedra inerte
nem conhece a sombra nem a evita.
Coração interior não necessita
o mel gelado que a lua verte.


Porém eu te sofri. Rasguei-me as veias,
tigre e pomba, sobre tua cintura
em duelo de kordiscos e açucenas.

Enche, pois, de palavras minha loucura
ou deixa-me viver em minha serena
noite da alma para sempre escura.

MAIAKOVSKI


urbanicidade

asfalto
uma palavra quente
mesmo quando chove
ex-fria piche nos ossos

janelas
:
de concreto/carne
neste corpo/casa
que não mais me habita

arturgomes
http://artur-gomes.blogpspot.com/

beijo o céu da tua boca agora já é outro instante depois de fechar e abrir esta janela para o nada ou para tudo que já veio ou inda virá na vera cruz destes escombros que não mais cidade ainda mordo com os dentes que me resta carnes e frutas bagaços de um sentido solto quando a toalha sobre a mesa não cabe nas metáforas

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