sábado, 26 de setembro de 2009

palavras crespas
borbulham na mente
quando o sol se apaga

lembranças espessas
são guizo de serpente
quando a noite se propaga


Úrsula Avner


Nerudianas

Prefiro que não, amada.
Para que nada nos amarre
que nada nos una.

Nem a palavra que aromou tua boca,
nem o que não disseram as palavras.
Nem a festa de amor que não tivemos,
nem teus soluços perto da janela.

Amo o amor dos marinheiros
que beijam e se vão.
Deixam uma promessa.
Não voltam nunca mais.

Em cada porto uma mulher espera:
os marinheiros beijam e se vão.

Uma noite se deitam com a morte
no leito do mar.

(Pablo Neruda in Crepusculario)

Seria tua musa desde que
aprendêssemos a roçar
minha língua tua língua
envolvidas nesse mar.

Envolvidas nesse mar
suculentas nerudianas
mil histórias duas bocas
minha língua tua língua

alagadas tateando
aprendêssemos a roçar
enviesadas declarando.

Seria tua musa desde que
duas línguas um destino
soubessem conspirar.

Lou Vilela
http://nudezpoetica.blogspot.com/

5 comentários:

  1. Prezado Artur:

    Para mim foi uma honra ver um poema meu publicado em um de seus espaços literários.

    Parabéns pelo excelente trabalho que tem desenvolvido!

    Um grande abraço,
    Lou Vilela

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  2. Caro Artur, cheguei ao seu blog através do blog da Lou o qual acompanho. Eu já tinha lido este poema dela e realmente é lindo como tantos outros que ela já escreveu. Bela escolha e adequada homenagem a uma poetisa talentosa e sensível. Um abraço.

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  3. Já conhecia esse belo poema da Lou e foi um prazer reencontrá-lo aqui. Bela escolha. Abraço.

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  4. Sejam sempre bem vindas, minhas queridas poetas. beijo grande

    artur gomes

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  5. bela escolha, artur
    a lou é show!
    beijos querido

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