terça-feira, 14 de julho de 2009






Dos meus dias

chuva cai mansa e serena
na lentidão dos dias
raios e trovões furiosos
tais quais a minha revolta
tempestade desabando tal qual
a minha pressa por mudanças
e o caminho se faz
só quando não há mais jazz
apenas sopro de solidão
que se abram todas as estradas do infinito
para que eu possa desfrutar
as aventuras que me restam
percorrendo mundo a fora
desbravando mata a dentro
e o que antes era impossível
repousa agora sobre minhas mãos.

Érica Ferri, 16/12/08

A ILHA

A ilha oportuniza
a água. A força vulcaniza
e destroça terras abaladas.

O recomeço: pássaros
e parasitas. Depósito de ventos.

A doença trazida em barcos
no surdo rumor de velas
recolhidas. Floresce a ilha
em terras cobiçadas:

homens peixes insetos
pássaros disputam convivências.

Toda ilha comporta ninhos entrelaçados.

Pedro Du Bois, inédito

( P O E S I L H A )

costa do moçambique

vês
a espuma clara,
mais que branca,
açoitar o dorso
negro das pedras

(naturalmente
escravizadas,
imóveis
em sua condição
mineral.)

tanto bate,
estrondosa onda,
que fura os olhos
de quem não ama.

tamanha beleza
e fúria,
seria inútil
não fosse o espanto
que te causa.

praia do forte

enquanto o mar
enferruja o horizonte,
uma garça se acomoda no arvoredo.

uma voz te diz no vento:
-te lembras que também já teve asas?
-e que sonhar independe do anoitecer?

te limitas a dizer, baixinho:

-bom dia, noite! boa noite, dia!

canal da barra

lento,mais que o barco,
o movimento
da maré...

vês o balé
entre o doce e o sal?

vês um beijo
anulando
as águas do canal?

é um beijo longo
de marujo,
dividindo o coração

entre
as revoltas ondas
e o sereno amar
de conceição.

rodrigo mebs
http://frutafarta.blogspot.com/

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