quarta-feira, 29 de julho de 2009

o risco

atravessar as portas
ultrapassar janelas
paredes muros cidades
o risco
de te matar
saudade
dentro da boca que quero
de penetrar garganta
laringe esôfago estômago
enquanto
dançamos bolero
sendo um tango
enquanto fado
arrisco
o beijo guardado
num copo de vinho
ou de menta
sabor de pimenta
e alho
e o doce mel da pimenta
enquanto a palavra
entra
pelos teus olhos e abras
teu cais do porto
fechado
arrisco
meus dedos e dados
nos lances mais atrevidos
dos nossos sextos sentidos
por tudo que foi esperado

artur gomes
http://poeticasfulinaimcas.blogspot.com

Boca do Inferno

Por mais que te amar seja uma zorra
Eu te confesso amor pagão
Não tem de ter perdão pra nós
Eu quero mais é teu pudor de dama
Despetalando em meus lençóis

E se tiver que me matar que seja
E se eu tiver que te matar que morra
Em cada beijo que te der amando
Só vale o gozo quando for eterno
Infernizando os céus e santificando
A Boca do Inferno

ArturGomes

http://carnavalhagumes.blogspot.com

Carne Proibida

o preço atual
proíbes que me coma
mas pra ti
estou de graça
pra ti
não tenho preço

sou eu quem me ofereço
a ti:
músculo & osso
leva-me à boca
e completa o teu almoço

não sou tigresa
em tua cama
nem caviar em tua mesa
não sou mulher de fama
muito embora sempre tesa

não vim da boca do lixo
saí da pele do ovo
meu coração de galinha
virou orgasmo do povo


Virgi niana

ave palavra cio
na porcelana ou na lata
lua de carne na boca
deusa em brasa na cama
tecendo vergonha alguma
fruta do amor que se ama
chupada dentro da mata
lírio se abrindo
na lama
se assim não for
a vida é pouca

ave palavra erótica
dos atos a mais sagrada
se eu queimar teu recato
com os meus dedos em fogo
incendiar tua fogueira
é quem em todo altar a primeira
vez que se é consagrada
em vai e vem gera três
a carne em riste tarada
esperma o que nunca fez


Rio em Pele Feminina

o rio com seus mistérios
molha meu cio em silêncio
desejo o que nos separa
a boca em quantos minutos
as flores soltas na fala
o pó dos ossos dos anos

você me diz não ter pressa
teus olhos fogo na sala
o beijo um lance de dados
cuidado cuidado cuidado
não beije assim meus segredos

meus olhos faróis nos riachos
meus braços dois afluentes
pedaços do corpo no rio
meus seios ilhas caladas
das chamas não conhece o pavio
se você me traz para o cio
assim que o sexo aflora
esta palavra apavora

o beijo dado mais cedo
quebra meu ser no espelho
meu cerne é carne de vidro
na profissão dos enredos

quando mais água me sinto
presa ao lençol dos seus dedos
o rio retrata meu centro
na solidão de mim mesma
segundo a segundo nas águas

lá onde o sol é vazante
lá onde a lua é enchente
lá onde o sol é estrada
onde coloca seus versos
me encontro peixe e mais nada


por tudo quanto o mais sagrado

escrevo este poema
para te Le var à boca
como mais profundo beijo

mesmo assim
não mato teu desejo
não sacio tua fome

porque neste poema
não está a minha língua
nem a carne do meu nome

SagaraNAgens Fulinaímicas

guima meu mestre guima
em mil perdões eu voz peço
por esta obra encarnada
na carne cabra da peste
da hygia ferreira bem casta
aqui nas bandas do leste
a fome de carne é madrasta

ave palavra profana
cabala que voz fazia
veredas em mais sagaranas
a morte em vidas severinas
tal qual antropofagia
teu grande sertão vou comer

nem joão cabral Severino
nem virgulino de matraca
nem meu padrinho de pia
me ensinou usar faca
ou da palavra – o fazer

a ferramenta que afino
roubei do mestre drummundo
que o diabo giramundo
é o narciso do meu ser.

Artur Gomes
http://poeticasfulinaimicas.blogspot.com

nas entranhas

com sua língua/pata me alcança em cheio cavala a triturar meus cios macunaína ainda no útero ardia de febre e delirava querendo explodir de luz e gozo não via a hora de descer por entre as pernas da selva e desbravar a mata virgem dos cabelos mestiços de roraima a dentro é que o salto na outra margem do rio terceira vez que li garcia lorca ainda não morava aqui e saramago não sabia nada ainda do evangelho que haveria de escrever assim mesmo quando makondo deu a a luz erÊndira vomitava de prazer e susto mesmo não sendo sádica era prosa e verso cheirnado o mar de mariscos que em seu corpo ruminavam gozos algas a mais de uma véspera desejadas puta que o pariu na santa casa de misericórida de campos não mais dos goytacazes desde o século dezesseis quando asseclas e pentelhos por lá já foram devorados antes mesmo de martim afonso de souza decretar capitanias e outras sacanagens do impéprio traz os montes a sífilis gonorréia e outros cabruncos de doenças que geraram aids e agor gripes que nem oswaldo cruz pudesse imaginar um dia

http://mamabrega.blgospot.com

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