terça-feira, 14 de julho de 2009

FINALIZADOR

Meu poema derradeiro
cairá sobre a friagem do meu corpo...
Sairá, das minhas entranhas, agitado.
Ele tentará acordar-me aos berros.
Impaciente, gritará socorro.
Nascerrá só... não, como os outros,
em par. Será impotente. Só!
Logo, ao perceber a solidão em mim,
Tentará encontrar um bando.
Talvez, ouvidos sensíveis ao seu despontar doído.
Mas, com certeza, algum olhar astuto...
verá seu brilho em luto e, acolherá seus versos.
Assim, depois do meu desfecho,
Em algum canto... existirão meus cantos...
Já que, cantei pela vida quase inteira.

JULENI ANDRADE


Viver em algum lugar
que não seja aqui
que não seja já
Ser jornalista na itália
Uma noite fria em 1852
Casar com Damon Hill
Estar na torcida do Vasco
Nem se esforce,
a vida não é feita só de não
Você já é personagem
de um livro de ficção

Estrela Ruiz Leminski
http://leminiskata.blogspot.com/

CANTO A MIM MESMO


Eu parto que nem ar,
sacudo os cabelos brancos ao sol
que se está indo embora,
derramo em remoinhos minha carne
e deixo-a flutuando em pontas redilhadas.

Eu me planto no chão para crescer
com a relva que eu amo:
quando vocês de novo me quiserem,
é só me procurarem
debaixo da sola dos seus sapatos.

Walt Whitman

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