o duplo
debaixo de minha mesa
tem sempre um cão faminto
- que me alimenta a tristeza
debaixo de minha cama
tem sempre um fantasma vivo
- que perturba quem me ama
debaixo de minha pele
alguém me olha esquisito
- pensando que eu sou ele
debaixo de minha escrita
há sangue em lugar de tinta
- e alguém calado que grita.
Affonso Romano de Sant´anna
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