quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Mama Mia





Mama Mia late na minha ladeira
Tece teias no meu labirinto
De perdições labiais perdidas entre os cristais,
Invasoras das folhas de vidro que me enamoram
Nas ladainhas que cortam minha pele de algodão
Como um sopro de lama queimada pela laje
Que lança meus satélites na sonda destes espaços
Engolidos pelos dedos lambidos do tempo.
Mama Mia mia nos meus telhados
Arranha as foices da minha lâmpada
Desmancha os laços das minhas mãos
Bebe o leite das minhas lembranças
Embebidos no vinho tinto das uvas
Circulares mastigadas pelas lanternas
Que beliscam os meus músculos
E fermentam a pele dos meus lençóis.
Mama Mia ronca nos meus sonhos
Ri dos inícios sem fim que me defloram
Esconde meus medos, empurra meus segredos
Lavoura meu corpo para o amor,
Meus olhos nascentes do leste para a dor
De um sol vermelho perfumado pelas rosas
Por entre os reflexos dos meus planos
Que velejam sobre o sopro das asas dos meus cílios.
Mama Mia Pia sem pagar licença das minhas taxas
Uma nova lenda sobre os meus pés sem chão.
Há um lobo-do-mar velando meus sonhos!
Há um dedo de moça apimentado minhas sílabas
Entre o mar salgado que vaza dos meus poros
Sem bússola que atravesse o centro da minha gravidade
Sem agulha que penetre nas minhas cavidades
De borboletas voando sobre nuvens grávidas demais
Para deixarem pousar velhas mariposas sobre a terra.


Alcinéia Marcucci no blog arte da fêmea

Mama Mia é o mistério das emoções da Arte que me degusta, me bebe, me come entre um gole de vinho e gotas de tinta na chuva, e, ainda não me bastasse, quando menos espero ela escapa por entre a grade dos meus dentes e toda enxerida vai bater perna por entre as vielas medievais da "Toca do Zorro" ...
Postado por Alcinéia Marcucci







A esfinge
Adélia Prado


Ofélia tem os cabelos tão pretos
como quando casou.
Teve nove filhos, sendo que
tirante um que é homossexual
e outro que mexe com drogas,
os outros vão levando no normal.
Só mudou o penteado e botou dentes.
Não perdeu a cintura, nem
aquele ar de ainda serei feliz,
inocente e malvada
na mesma medida que eu,
que insisto em entender
a vida de Ofélia e a minha.
Ainda hoje passou de calça comprida
a caminho da cidade.
Os manacás cheiravam
como se o mundo não fosse o que é.
Ora, direis. Ora digo eu. Ora, ora.
Não quero contar histórias,
porque história é excremento do tempo.
Queria dizer-lhes é que somos eternos,
eu, Ofélia e os manacás.



outro poemafeto
nina rizzi

em quase um ano fátima me escreveu.
não chorava ou me despeitava
fazia poemafetos, me amava

- eu levava o homem, que não queria seu
se queri sua

do blog ellenismos

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