terça-feira, 21 de setembro de 2010

sampleAndo

SampleAndo



por enquanto
vou te amar assim em segredo
como se o sagrado fosse
o maior dos pecados originais
e a minha língua fosse
só furor dos canibais

e essa lua mansa fosse faca
a afiar os versos que inda não fiz
e as brigas dde amor que nunca quis
mesmo quando o projeto
aponta outra direção embaixo do nariz
e é mais concreto que a argamassa do abstrato

por enquanto
vou te amar assim adirando o teu retrato
pensando a minha idade
e o que trago da cidade
embaixo as solas dos sapatos

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o que trago embaixo as solas dos sapatos
é fato. bagana acesa sobra do cigarro
é sarro. dentro do carro
ainda ouço Jimmi Hendrix quando quero
dancei bolero sampleando rock and roll

pra colher lírios
há que se por o pé na lama
a seda pura foto-síntese do papel
tem flor de lótus
nos bordéis Copacabana
procuro um mix da guitarra de Santanna
com os espinhos da Rosa de Noel.

arturgomes
http://blogdabocadoinferno.blogspot.com/



Fulinaimagem


Isdora

onde teus pés bailarina dançam
cato os vestígios do tempo
onde teus olhos bailarina olham
um gato passeia no teu colo
e na vidraça o giz derrama poesia
escritas com punhos de ontem
em tua cidade de serras
onde teus braços bailarina
sustentam tuas mãos que colhem uvas
coloco águas de chuva
para que teus vinhedos não cessem
e deles brotem a flor o fruto sagrado
e os teus segredos guardados
entre os teus lábios de vinho

arturgomes
http://artur-gomes.blogspot.com/

a flor da pele


Viagem interpoética


A lavra da palavra



Porrada llírica


esfinge

o amor não e apenas um nome
que anda por sobre a pele
um dia falo letra por letra
no outro calo fome por fome
é que a pele do teu nome
consome a flor da minha pele

cravado espinho na chaga
como marca cicatriz
eu sou ator ela esfinge
clarisse/beatriz

assim vivemos cantando
fingindo que somos decentes
para esconder o sagrado
em nosso profanos segredos
se um dia falta coragem
a noite sobra do medo

na sombra da tatuagem
sinal enfim permanente
ficou pregando uma peça
em nosso passado presente

o nome tem seus mistérios
que se esconde sob panos
o sol e claro quando não chove
o sal e bom quando de leve
para adoçar desenganos
na língua na boca na neve

o mar que vai e vem não tem volta
o amor e a coisa mais torta
que mora lá dentro de mim
teu céu da boca e a porta
onde o poema não tem fim

artur gomes
http://juras-secretas.blogspot.com/





IMERSÃO

Imerso em águas
mares
reconsidero a permanência
na inconstância
do sal
sobre o corpo: imerso
em águas
doce
na decomposição
do corpo
ao estado
inicial

frágil em minha
permanência.

(Pedro Du Bois, inédito)

http://pedrodubois.blogspot.com/

http://nanquin.blogspot.com/


May interperta artur gomes num filme de Jiddu Saldanha



Jura Secreta 41

porque te amo
e amor não tem pele
nome ou sobrenome
não adianta chamar que ele não vem
quando se quer
porque tem seus próprios códigos
e segredos

mas não tenha medo
pode sangrar pode doer
e ferir fundo
mas é razãode estar no mundo
nem que seja por segundo
por um beijomesmo breve
porque te amo
no sol no sal no mar na neve

Artur Gomes
http://youtube.com/fulinaima


Mário faustino



Jura Secreta 106

ontem sonhei com você noite inteira
teus seios pulsavam em mim
não sei quando então começou
mas sei quando então foi assim

quanto mais pensava dormindo
sabendo meu ser acordado
fizemos amo dois alados
na cama imortal do jardim
os anjos do inferno rezavam
num gozo de nunca ter fim

arturgomes
http://juras-secretas.blogspot.com/



VeraCidade

por quê trancar as portas
tentar proibir as entradas
se já habito os teus cinco sentidos
e as janelas estão escancaradas?

um beija-flor risca no espaço
algumas letras de um alfabeto grego
signo de comunicação indecifrável
eu tenho fome de terra
e esse asfalto sob a sola dos meus pés
agulha nos meus dedos

quando piso na Augusta
o poema dá um tapa na cara da Paulista

flutuar na zona do perigo
entre o real e o imaginário

João Guimarães Rosa Caio Prado
Martins Fontes um bacanal de ruas tortas

eu não sou flor que se cheire
nem mofo de língua morta
o correto deixei na Cacomanga
matagal onde nasci
com os seus dentes de concreto
São Paulo é quem me devora
e selvagem devolvo a dentada
na carne da rua Aurora

Artur Gomes
http://artur-gomes.blogspot.com/

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