vestígios do homem no planeta: - fotos: artur gomes
Sou a palavra cacimba
Pra sede de todo mundo
E tenho assim minha alma:
Água limpa e céu no fundo
Já fui remo, fui enxada
E pedra de construção;
Trilho de estrada –de –ferro,
Lavoura, semente , grão
Já fui palavra canga,
Sou hoje a palavra basta.
E vou refugando a manga
Num atropelo de aspa
Meu canto é faca, punhal
Contra o feitor
Dizendo que minha carne
Não é de nenhum senhor
Sou o samba das escolas
Em todos os carnavais
Sou o samba das cidades
E lá dos confins rurais
Sou quicumbi e Moçambique
No compasso do tambor.
Sou o toque de batuque
Em casa gege-nagô
Sou a bombacha do santo
Sou o churrasco de Ogum
Entre os filhos dessa terra
Naturalmente sou um
Sou o trabalho e a luta
Suor e sangue de quem
Nas entranhas dessa terra
Nutre raízes também!!!
dedé muylaert
DUAS FACES
O amor tem duas facas
uma corta outra costura.
O amor tem duas balas
uma mata outra madura.
O amor tem dois olhares
um de calma outro de ira.
O amor tem duas falas
uma cala outra é mentira.
O amor tem duas condutas
uma puta outra santa.
O amor tem duas vozes
uma chora outra canta.
O amor é dois e sendo
trás em si contradições
Zeca Tocantins
dedos dados
a mão nessa garrafa
não tem lance de dados
mas tem
dedos de louça
sensíveis
dedos de fada
pensando Cecília Meireles
não sei se alegres
ou tristes
mas sei:
esses dedos existem
arturgomes
http://artur-gomes.blogspot.com/
canibália city 1
poema anti metafórico
maria da penha
olha o namorado
:
pega mata e come
:
e não consegue
matar a própria fome
a mão nessa garrafa
não tem lance de dados
mas tem
dedos de louça
sensíveis
dedos de fada
pensando Cecília Meireles
não sei se alegres
ou tristes
mas sei:
esses dedos existem
arturgomes
http://artur-gomes.blogspot.com/
canibália city 1
poema anti metafórico
maria da penha
olha o namorado
:
pega mata e come
:
e não consegue
matar a própria fome
arturgomes
brazilíricas
um tapa no branco
tragado no preto
como instante opus
ópio de pessoa
como fiapo de manga
entrelaçado nos dentes
um tapa no branco
tragado no preto
como instante opus
ópio de pessoa
como fiapo de manga
entrelaçado nos dentes
DECISÃO
Rompi relações
com a burguesia.
Ele só paga
em dinheiro.
Eu só recebo
em poesia.
Zeca Tocantins
Do Livro Colhedor de Manhãs.
CONFISSÃO
Que esta minha paz e este meu amado silêncio
Não iludam a ninguém
Não é a paz de uma cidade bombardeada e deserta
Nem tampouco a paz compulsória dos cemitérios
Acho-me relativamente feliz
Porque nada de exterior me acontece...
Mas,
Em mim, na minha alma,
Pressinto que vou ter um terremoto!
Mário Quintana
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