singela oração aos blogueiros desocupados
1
no dia 6 de agosto
cachorro que soy louco
com gosto
vou louvar o meu
senhor
2
salve-me
santíssimo salva/dor
da dor
do horror desta cidade
que um dia foi
dos goytacazes
mortos por urubus
da terra alheia
3
santíssimo
salva/dor
salve-me da santa ceia
salve-me
das virgens de pedra
das santas que não são fedras
as “padroeiras” do Brasil
4
salve-me
santíssimo salva/dor
da feracidade horrorosa
sal-ve-me
do encravo e da rosa
dos carnavais
no mês de abril
5
pro diabo
não sou santo
nem visto o corpo com manto
soy
couro cru & carne viva
soy
carne viva & couro cru
não tenho a língua
que medra
soy carNAvalha
na piedra
my sagrado y profano
aprendiz de los hermanos
canibais lá do xingu
6
não tenho amor pelas santas
meu sangue corre nas plantas
em minhas mãos
esmeril
mas tenho amor pelas putas
a prostituta que pariu
7
santíssimo
salva/dor
salve-me da dor
do desgosto
de desfraudar mês
agosto
bandeiras tropicanalhas
salve-me
das catequeses
dos evangélicos pastores
de amores
de sacristia
salve-me da hipocrisia
planalto central
céu azul
salve-me
deste país
e deste estado de surto
se é pra xingar
não me furto
na flor da pele não tem panos
salve-me
destes tiranos
dos campos
da américa do sul
arturgomes
http://pelegrafia.blogspot.com/
canibália city
http://goytacity.blogspot.com/
experimentações/interlinguagens
1
hoje em ti
amanheci
ana/brasília
mesmo
não sendo
mulher
ou filha
bem-te-quis
meu
bem-te-vi
ao levitar
em tuas asas
mergulhei mares
que em teus olhos
conheci
2
Xangô
é parte da pedra
Exu fagulha de ferro
Ogum espada de aço
faz do meu colo
teus braços
Oxossi carne da mata
Yemanjá água do mar
Yansã é fogo vento tempestade
Oxum é água doce
Oxalá em ti me trouxe
te canto como se fosse
um novo deus em liberdade
3
sou teu leão de fogo
todo jogo
que me propor eu topo
beber teu copo
comer da tua comida
encarnar de frente
a janela de entrada
e se for preciso
:
a porta de saída
4
moro no teu mato dentro
não gosto de estar por fora
tudo que me pintar eu invento
como o beijo no teu corpo agora
desejo-te pelo menos enquanto resta
partícula mínima micro solar floresta
sendo animal da mata atlântica
quântico amor ou meta física
tudo que em mim não há respostas
metáfora d´alquimim fugaz brazílica
beijo-te a carne que te cobre os ossos
pele por pele pelas tuas costas
os bichos amam em comunhão na mata
como se fosse aquela hora exata
em que despes de mim o ser humano
e no corpo rasgamos todo pano
e como um deus pagão pensamos sexo.
arturgomes
http://juras-secretas.blogspot.com/
o sem nome
não quero o silêncio
como arma
lira lero
de algum bolero
com letra
pra calar boca
água fria no fogo
quero o incêndio
a fogueira
sei o quanto me negas
o fruto proibido
mas oculto na noite
entro por porta dos fundos
e roubo
a maçã do pecado
enquanto dorme
e sonhas
com alices
no país das maravilhas
mergulho tuas ilhas
devasto teus porões
na sala
derrubo tua mobília
no quarto
devasso teus colchões
na cozinha
bebo do teu vinho
e como do teu pão
não tenho nome
sou o que te come
sem pedir perdão
a vingança do vampiro brasileiro
a rosa apodreceu
no jardim das oliveiras
o encravo
deu com a cara no muro
do palácio guanabara
a filha
tem duas caras
aos domingos reza pro santo
nas sextas
pro capataz
há muito tempo meu chapa
venderam a mãe pro diabo
pensando fosse capaz
1
no dia 6 de agosto
cachorro que soy louco
com gosto
vou louvar o meu
senhor
2
salve-me
santíssimo salva/dor
da dor
do horror desta cidade
que um dia foi
dos goytacazes
mortos por urubus
da terra alheia
3
santíssimo
salva/dor
salve-me da santa ceia
salve-me
das virgens de pedra
das santas que não são fedras
as “padroeiras” do Brasil
4
salve-me
santíssimo salva/dor
da feracidade horrorosa
sal-ve-me
do encravo e da rosa
dos carnavais
no mês de abril
5
pro diabo
não sou santo
nem visto o corpo com manto
soy
couro cru & carne viva
soy
carne viva & couro cru
não tenho a língua
que medra
soy carNAvalha
na piedra
my sagrado y profano
aprendiz de los hermanos
canibais lá do xingu
6
não tenho amor pelas santas
meu sangue corre nas plantas
em minhas mãos
esmeril
mas tenho amor pelas putas
a prostituta que pariu
7
santíssimo
salva/dor
salve-me da dor
do desgosto
de desfraudar mês
agosto
bandeiras tropicanalhas
salve-me
das catequeses
dos evangélicos pastores
de amores
de sacristia
salve-me da hipocrisia
planalto central
céu azul
salve-me
deste país
e deste estado de surto
se é pra xingar
não me furto
na flor da pele não tem panos
salve-me
destes tiranos
dos campos
da américa do sul
arturgomes
http://pelegrafia.blogspot.com/
canibália city
http://goytacity.blogspot.com/
experimentações/interlinguagens
1
hoje em ti
amanheci
ana/brasília
mesmo
não sendo
mulher
ou filha
bem-te-quis
meu
bem-te-vi
ao levitar
em tuas asas
mergulhei mares
que em teus olhos
conheci
2
Xangô
é parte da pedra
Exu fagulha de ferro
Ogum espada de aço
faz do meu colo
teus braços
Oxossi carne da mata
Yemanjá água do mar
Yansã é fogo vento tempestade
Oxum é água doce
Oxalá em ti me trouxe
te canto como se fosse
um novo deus em liberdade
3
sou teu leão de fogo
todo jogo
que me propor eu topo
beber teu copo
comer da tua comida
encarnar de frente
a janela de entrada
e se for preciso
:
a porta de saída
4
moro no teu mato dentro
não gosto de estar por fora
tudo que me pintar eu invento
como o beijo no teu corpo agora
desejo-te pelo menos enquanto resta
partícula mínima micro solar floresta
sendo animal da mata atlântica
quântico amor ou meta física
tudo que em mim não há respostas
metáfora d´alquimim fugaz brazílica
beijo-te a carne que te cobre os ossos
pele por pele pelas tuas costas
os bichos amam em comunhão na mata
como se fosse aquela hora exata
em que despes de mim o ser humano
e no corpo rasgamos todo pano
e como um deus pagão pensamos sexo.
arturgomes
http://juras-secretas.blogspot.com/
o sem nome
não quero o silêncio
como arma
lira lero
de algum bolero
com letra
pra calar boca
água fria no fogo
quero o incêndio
a fogueira
sei o quanto me negas
o fruto proibido
mas oculto na noite
entro por porta dos fundos
e roubo
a maçã do pecado
enquanto dorme
e sonhas
com alices
no país das maravilhas
mergulho tuas ilhas
devasto teus porões
na sala
derrubo tua mobília
no quarto
devasso teus colchões
na cozinha
bebo do teu vinho
e como do teu pão
não tenho nome
sou o que te come
sem pedir perdão
a vingança do vampiro brasileiro
a rosa apodreceu
no jardim das oliveiras
o encravo
deu com a cara no muro
do palácio guanabara
a filha
tem duas caras
aos domingos reza pro santo
nas sextas
pro capataz
há muito tempo meu chapa
venderam a mãe pro diabo
pensando fosse capaz
para uma puta em taguatinga
ela me conta
que seu ex
não quer pagar pensão
e de como a vida
tem sido dura
com ela
ouço sua cantilena
de puta triste
enquanto o ar condicionado
ronrona um soneto desesperado
e sob seus cabelos
um reino de abandono
seduz-me os dedos
neste quarto de hotel barato
numa noite barata
de rimas escassas
vislumbro o corpo
que há pouco
acolheu
minha solidão
salve pequena puta triste
salve doce menina
do alto dos prédios
escárnio
e indiferença
te cobiçam
e nos outdoors
a realidade sorri para a puta
e para o poeta
e todos na cidade
esperam encontrar
um amor
e todos na cidade
buscam alguém
e nesta hora
todos estão voltando
para suas casinhas de boneca
para suas vidas de plástico
Fernando Freire
Gama, 25/06/2010
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