sábado, 19 de junho de 2010

A-mar-ia

Eu não quero os bibelôs de ontem
nem os olhares e os beijos enterrados
nas cartas deste armário
não quero as memórias estáticas em foto-porta-poeira

Quero a invenção de novos sentidos
percorrer papéis dis-grafados
Sem-escritos
Não busco a memória de um tempo perdido
não dormiria com Proust
nem mesmo amaria nostálgicos homens.

Doaria, sim, este corpo aos versos de M.A
e a poesia da mulher do ponto de ônibus.

beijaria os lábios de Hilst
amaria os amantes dos meus amantes.

Karol Penido
http://aquarelaemversos.blogspot.com/



AO VENTO

O vento passa a rir, torna a passar
Em gargalhadas ásperas de demente;
E esta minh’alma trágica e doente
Não sabe se há de rir, se há de chorar!

Vento de voz tristonha, voz plangente,
Vento que ris de mim sempre a troçar,
Vento que ris do mundo e do amor,
A tua voz tortura toda a gente!...

Vale-te mais chorar, meu pobre amigo!
Desabafa essa dor a sós comigo,
E não rias assim!... O vento, chora!
Que eu bem conheço, amigo, esse fadário

Do nosso peito ser como um Calvário,
e a gente andar a rir p’la vida fora!!

Florbela Espanca



E acordamos cegos, mudos e incólumes antes do espanto
Alguns elefantes pisotearam teu jardim de verdes sonhos
E a águia foi fazer ninho no chapéu olvidado do avô
Porque as nossas tardes são assim ,ainda, quando esquecemos
O silêncio.

Lembra dos instantes onde a agonia era quase um balsamo?
E das feridas como troféus duma batalha tingida de crepúsculos?
Como era estranho não reconhecer os nossos pecados e rir
E a penitência era alguma fruta roubada na primavera de Maria

Desconhecemos a temporalidade e a métrica das horas
Segundos ou palavras, horas ou rimas e o teu olhar negando as distâncias
Quem de nós amarrou o corcel antes que as tormentas chegassem?
Poças de pestilentas larvas já não atraem as borboletas nem os lagartos suicidas
Pergunto-te de novo, quem de nós amarrou o corcel antes que as tormentas chegassem...

Flavio Pettinichi- 03- 06- 2010



DE UM LADO E OUTRO

Me fosse dada
a graça
de ser um outro,

aceitaria, quem sabe,
ser você,

você, de corpo e alma,
desde que você,
é claro,
me aceitasse

assim
tal qual eu sou.

Alcides Buss
http://www.alcidesbuss.com.br/




Artur, essa é pra vc, meu velho !
Abraços, Rogerio

Gomes & Gumes
ROGERIO SANTOS(para Artur Gomes)

o gume da brisa avisa
que Artur, bardo rei
sua poesia metralha
entre o calçado e a calçada
entre o mar e a muralha
da musa de tanga a cangalha
bala fala de navalha
dos entrefolhos, bocas
& beco das garrafas
suculentos poemas em pets
cruza Crusoé sete mares
moura pepita de pirita
onde quem cala naufraga
Artur é enxada
minhoca danada
é espada cravada
na fenda da palavra
(e ai de quem pedra furada)

Rogério Santos
Acabei de postar no meu blog

www.folhadecima.blogspot.com

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