o olho que vê
espreita
o outro
somos vistos
nem sempre sentidos
humanos
desumanos
riso
pranto
choro
vida à deriva
ou não
leme na mão
(melhor)
somos como barcos
na imensidão das águas
ou ancorados no chão
fátima nascimento
http://fatimanascimento.blogspot.com/
Caminhos de Água
ROGERIO SANTOS
as escolhas que faço não pesam
se bobear, estão mais para flutuar
enluam, chovem, molham, escorrem
...
as minhas simples escolhas
seguem caminhos de água
lavam e levam coisas e pessoas
são de matar e matar a sede
não conheço aridez
que não seja pisar os pés
em beira de rio e de praia
ROGERIO SANTOS
BANZO
carrego em meu lombo
várias máculas onomásticas
sou Zé, filho de Edward
um desterro sem quilombo
e sobre meu nome
a Cruz
sou nenhum
mulato negro índio
ninguém tingido d’água
salgada vindo
mesmo depois de liberto
sapatos a luzir
— inédita condição —
um ilhéu
que o destino não quis
soteropolitano
um grapiúna no sul-
maravilha quase
impecável
sem marcas
cicatrizes
não ungido
sem excesso
de melanina
algo assim próximo à matéria
alva que se tinge o mundo
visão última
dos que erram o alvo
e encontram
a morte
[foto: Pierre Verger]
edson cruz
http://sambaquis.blogspot.com
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