agora não se fala nada
agora não se fala mais
toda palavra guarda uma cilada
e tudo é transparente em cada forma
você não precisa me dizer
o número do mundo desse mundo
nem precisa me mostrar a outra face
face ao fim de tudo
só precisa me dizer
o nome da república dos fundos
o sim do fim
e o tem do tempo vindo
Dia D
Dede que eu saí de casa
trouxe a viagem de volta
cravada na minha mão
interrada no meu umbigo
dentro fora assim comigo
minha própria condução
todo dia é dia dela
pode ser pode não ser
abro a porta ou a janela
todo dia é dia D
há urubus nos telhados
a carne seca é servida
um escorpião encravado
na sua própria ferida
não escapa
só escapo pela porta de saída
todo dia mais um dia
de amar-te a morte morrer
todo do mais um dia
menos dia dia D
torquato neto
Quartas Culturais - Cantinho do Poeta
Rua Cardoso de Melo, 42
Campos dos Goytacazes-RJ
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Porrada llírica
Dia 15 dezembro 2010 – 21:00hs
Mas Sarau o Benedito
Uma homenagem a Elis Regina
Direção: Aucilene Freitas
Fulinaimagem
1
por enquanto
vou te amar assim em segredo
como se o sagrado fosse
o maior dos pecados originais
e a minha língua fosse
só furor dos canibais
e essa lua mansa fosse faca
a afiar os versos que inda não fiz
e as brigas dde amor que nunca quis
mesmo quando o projeto
aponta outra direção embaixo do nariz
e é mais concreto que a argamassa do abstrato
por enquanto
vou te amar assim adimirando o teu retrato
pensando a minha idade
e o que trago da cidade
embaixo as solas dos sapatos
arturgomes
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