agora não se fala nada
agora não se fala mais
toda palavra guarda uma cilada
e tudo é transparente em cada forma
você não precisa me dizer
o número do mundo desse mundo
nem precisa me mostrar a outra face
face ao fim de tudo
só precisa me dizer
o nome da república dos fundos
o sim do fim
e o tem do tempo vindo
Dia D
Dede que eu saí de casa
trouxe a viagem de volta
cravada na minha mão
interrada no meu umbigo
dentro fora assim comigo
minha própria condução
todo dia é dia dela
pode ser pode não ser
abro a porta ou a janela
todo dia é dia D
há urubus nos telhados
a carne seca é servida
um escorpião encravado
na sua própria ferida
não escapa
só escapo pela porta de saída
todo dia mais um dia
de amar-te a morte morrer
todo do mais um dia
menos dia dia D
torquato neto
Quartas Culturais - Cantinho do Poeta
Rua Cardoso de Melo, 42
Campos dos Goytacazes-RJ
Leia mais aqui http://artur-gomes.blogspot.com
Porrada llírica
Dia 15 dezembro 2010 – 21:00hs
Mas Sarau o Benedito
Uma homenagem a Elis Regina
Direção: Aucilene Freitas
Fulinaimagem
1
por enquanto
vou te amar assim em segredo
como se o sagrado fosse
o maior dos pecados originais
e a minha língua fosse
só furor dos canibais
e essa lua mansa fosse faca
a afiar os versos que inda não fiz
e as brigas dde amor que nunca quis
mesmo quando o projeto
aponta outra direção embaixo do nariz
e é mais concreto que a argamassa do abstrato
por enquanto
vou te amar assim adimirando o teu retrato
pensando a minha idade
e o que trago da cidade
embaixo as solas dos sapatos
arturgomes
http://goytacity.blogspot.com
sábado, 11 de dezembro de 2010
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
DA TRANSPARÊNCIA DOS CRISTAIS
DA TRANSPARÊNCIA DOS CRISTAIS
A moça
no caixa do supermercado
me diz boa noite
pergunta se quero o cpf
na nota fiscal
e me atira
um sorriso maquinal
que expressa tanta vida
quanto a que está contida
numa caixa de cereal.
A moça
no caixa do supermercado
usa óculos
tem o olhar cansado
e aparenta impaciência
diante da menina
de cabelo cacheado
que choraminga
por um pacote de bombom
diante da mãe que esbraveja
enquanto segura
quatro latas de cerveja.
A
moça no caixa do supermercado
é jovem e bonita
uma beleza modelada lentamente
dir-se-ia
até sorrateiramente
com o barro da desilusão
no rosto dos que fizeram
do próprio coração
monumento e mausoléu
da resignação.
São quase dez horas
e nesta noite de novembro
ela talvez pense
no namorado
nas contas a pagar
no ônibus lotado
em sua volta para o lar.
Mesmo jovem
ela talvez já saiba
que o mundo
trai mais que abriga.
O que ela
com certeza não sabe
é que talvez neste instante
poetas discutem o futuro da poesia
arqueologizam
a concisão dos haicais
mensuram
a transparência dos cristais
enquanto
em outros quintais
a pobreza cala a boca
de reles mortais.
Fernando Freire
Gama, 04.12.2010
tão pimenta tão petróleo
não espere que eu fale só de estrelas
ou do vinho feliz que não tomei
porque fora de mim
não levo além da sombra
uma camisa velha
e dentro do peito um balde de canções
uma gota de amor
no útero de uma abelha
não repare se eu não frequento clube
dos que sugam o sangue das ovelhas
ou amargam o mel dessa colméia
é que eu já vivo tão pimenta e tão petróleo
que se você acende os olhos me incendeia
hoje em dia pra gente amar devera
é preciso ser quase um alquimista
ou talvez o maquinista
do trem da consciência
pra te amar com tanta calma
e com tanta violência
que a tua alma fique toda ensanguentada de vivência
salgado maranhão
A moça
no caixa do supermercado
me diz boa noite
pergunta se quero o cpf
na nota fiscal
e me atira
um sorriso maquinal
que expressa tanta vida
quanto a que está contida
numa caixa de cereal.
A moça
no caixa do supermercado
usa óculos
tem o olhar cansado
e aparenta impaciência
diante da menina
de cabelo cacheado
que choraminga
por um pacote de bombom
diante da mãe que esbraveja
enquanto segura
quatro latas de cerveja.
A
moça no caixa do supermercado
é jovem e bonita
uma beleza modelada lentamente
dir-se-ia
até sorrateiramente
com o barro da desilusão
no rosto dos que fizeram
do próprio coração
monumento e mausoléu
da resignação.
São quase dez horas
e nesta noite de novembro
ela talvez pense
no namorado
nas contas a pagar
no ônibus lotado
em sua volta para o lar.
Mesmo jovem
ela talvez já saiba
que o mundo
trai mais que abriga.
O que ela
com certeza não sabe
é que talvez neste instante
poetas discutem o futuro da poesia
arqueologizam
a concisão dos haicais
mensuram
a transparência dos cristais
enquanto
em outros quintais
a pobreza cala a boca
de reles mortais.
Fernando Freire
Gama, 04.12.2010
tão pimenta tão petróleo
não espere que eu fale só de estrelas
ou do vinho feliz que não tomei
porque fora de mim
não levo além da sombra
uma camisa velha
e dentro do peito um balde de canções
uma gota de amor
no útero de uma abelha
não repare se eu não frequento clube
dos que sugam o sangue das ovelhas
ou amargam o mel dessa colméia
é que eu já vivo tão pimenta e tão petróleo
que se você acende os olhos me incendeia
hoje em dia pra gente amar devera
é preciso ser quase um alquimista
ou talvez o maquinista
do trem da consciência
pra te amar com tanta calma
e com tanta violência
que a tua alma fique toda ensanguentada de vivência
salgado maranhão
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