sobre o guarda noturno
que vigia minha
rua
sobre o traficante
que vende na mesma
rua
sobre o mendingo
ruminando uma miséria
que é tão sua
três estrelas brilham
esculpem silêncios
num céu que sussurra nos tímpanos da
eternidade
além da janela
de meu quarto
guardas noturnos
traficantes
e mendingos
amam e deixam de amar
vivem e morrem
odeiam e deixam de odiar
assim como o casal
que se beija ao meu lado
ou
como o garçon de olhar cansado
que me traz a cerveja
enquanto a vida
extirpa o coração
dos sonhos
nos altares da
realidade
e nos lábios da mocidade
no olhar dos velhos
que esperam
deuses natimortos
ofertam-nos preces
de morte reciclada
Fernando Freire
Gama, - DF -18.08.2010
Riverdies
21 de agosto – Garage – Praça da Bandeira - Rio
Fulinaimagem
Fulinaimagem
1
por enquanto
vou te amar assim em segredo
como se o sagrado fosse
o maior dos pecados originais
e a minha língua fosse
só furor dos canibais
e essa lua mansa fosse faca
a afiar os versos que inda não fiz
e as brigas dde amor que nunca quis
mesmo quando o projeto
aponta outra direção embaixo do nariz
e é mais concreto que a argamassa do abstrato
por enquanto
vou te amar assim adirando o teu retrato
pensando a minha idade
e o que trago da cidade
embaixo as solas dos sapatos
onde teus pés bailarina dançam cato os vestígios do tempo onde teus olhos bailarina olham um gato passeia no teu colo e na vidraça o giz derrama poesia escritas com punhos de ontem em tua cidade de serras onde teus braços bailarina sustentam tuas mãos que colhem uvas coloco águas de chuva para que teus vinhedos não cessem estejam sempre em meus caminhos e deles brotem da flor o fruto sagrado e os teus segredos guardados entre os teus lábios de vinho
2
o que trago embaixo as solas dos sapatos
é fato. bagana acesa sobra do cigarro
é sarro. dentro do carro
ainda ouço Jimmi Hendrix quando quero
dancei bolero sampleando rock and roll
pra colher lírios
há que se por o pé na lama
a seda pura foto-síntese do papel
tem flor de lótus
nos bordéis Copacabana
procuro um mix da guitarra de Santanna
com os espinhos da Rosa de Noel.
arturgomes
http://artur-gomes.blogspot.com/
É das uvas roxas que abocanho
em tua boca e em teu fruto exposto
que faço meu vinho, meu sangue,
que para ti como um rio corre,
minha paixão, muso do meu canto
vindo do fundo da terra,
basalto e magma, esperma
de fundas furnas e de grutas
e das fendas submersas
de onde atocaiado tu me espias,
para ti meu canto, um também roxo canto
uivando das entranhas, mãos, garganta
a me dizer: vida
a ser trazida
entre os dentes
atravessada
tal uma faca.
Olga Savary
entriDentes
olhei a cara do tempo
ela estava fechada
não me dizia nada
pensei as sagaraNAgens
que o tempo fazia comigo
peguei do tempo o umbigo
cortei na ponta da faca
e a tua cara de vaca
sangrei sem nenhum remorso
porque isso o tempo não tem
agora o tempo sorri
me mostra os dentes da boca
e a tua cara de louca
é a minha cara também
jura NÃO secreta
quero dizer que ainda arde
tua manhã em minha tarde
a tua noite no meu dia
tudo em nós que já foi feito
com prazer inda faria
quero dizer que ainda é cedo
ainda tenho um samba-enredo
tudo em nós é carnaval
é só vestir a fantasia
quero ser teu mestre/sala
e você porta/bandeira
quando chegar na quarta feira
a gente inventa outra fulia
unplugged
quero bota no seu Orkut
um negócio sem vergonha
um poema descarada
ta chegando fevereiro
e meu rio de janeiro
fica lindo e mascarado
quero botar no seu e-mail
um negócio por inteiro
que eu não sou zeca baleiro
pra ficar cantando a mama
que ainda tem medo do papa
meu negócio é só com a mina
que me trampa quando trapa
meu negócio é só a mina
que me canta ouvindo o rappa
arturgomes
http://artur-gomes.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário