
foto:
beatriz
bajo
quero escrever o borrão vermelho de sangue
com as gotas e coágulos pingando
de dentro para dentro.
quero escrever amarelo-ouro
com raios de translucidez.
que não me entendam pouco-se-me-dá.
nada tenho a perder.
jogo tudo na violência
que sempre me povoou,
o grito áspero e agudo e prolongado,
o grito que eu, por falso respeito humano,
não dei.
mas aqui vai o meu berro
me rasgando as profundas entranhas
de onde brota o estertor ambicionado.
quero abarcar o mundo
com o terremoto causado pelo grito.
o clímax de minha vida será a morte.
quero escrever noções
sem o uso abusivo da palavra.
só me resta ficar nua:
nada tenho mais a perder.
vermelho de sangue – Lispector
ao nascer do azul
eternoé o belo
que ao amanhecer
falece
delicado
e sem doer.
na cordo sol materno
amar é elo
em outro ser,
um seio
em flor
entre o azul
e o porquê.
rodrigo mebs.
RELICÁRIO
Vêque a manhã infinda
ainda ressoa por sobre
minhas sandálias
E ainda que tardio
volto ao cais
onde vivi
Como um iniciante
que ao primeiro olhar
distribui risos e silêncios
E
ao sol que se põe
sou mais um que adormece
por entre flores e canções.
Cgurgel
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