sexta-feira, 17 de agosto de 2012

sargaço em tua boca espuma


laís tavares - minha  musa linda


em armação de búzios
 tenho um amor sagrado
guardado como jura secreta
que ainda não fiz para laís
em teus cabelos girassóis de estrelas
que de tanto vê-las o meu olho  vela
e o que tanto diz  onda do mar  não leva
da areia da praia onde grafei teu nome
para matar a sede e muito mais a fome
entranhada  na carne como flor de lotus
grudada na pele como tatuagem
flutuando ao vento como leve pluma
no salgado corpo do além mar afora
sargaço em tua boca espuma
onde vivem peixes  - na cumplicidade
do que escrevo agora

arturgomes

fulinaimicamente



do som dessa palavra
nasce uma outra palavra
fulinaimicamente
no improviso do repente
do som dessa palavra
nasce uma outra palavra
fulinaimicamente

brasileiro sou bicho do mato
brasileiro sou pele de gato
brasileiro mesmo de fato
yauaretê curumim carrapato
em rio que tem piranha
jacaré sarta de banda
criolo tô na umbanda
índio fui dentro da oca
meu destino agora traço
dentro da aldeia carioca

Jackson do Pandeiro
Federico Baudelaire
nas flores do mal me quer
Artur Rimbaud na festa
de janeiro a fevereiro
Itamar da Assunção
olha aí Zeca Baleiro
no olho do mundo
no olho do mundo cão
 
arturgomes



 
Sanya Rohen - foto: - artur gomes


a passageira da poltrona ao lado
a passageira da poltrona ao lado
observa a paisagem atentamente na janela
meus olhos focam o seu perfil na tela
meu dedo aciona o dispositivo do zoom
para ter a sua imagem mais de perto
o coração entende a sensação do seu olhar flertando a câmera
o sentido está aberto na viagem
onde a surpresa não tem planos
e a arte é puro acaso do que possa acontecer
na engenharia dos músculos que se movem
inconscientes onde poema houver
na miragem oculta numa manhã de sexta
depois de noite inteira de cerveja para perder o sono
sem saber que na poltrona ao lado
na luz desta miragem  iria amanhecer


arturgomes

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Pontal Foto Grafia


fotos: Welliton Rangel e Artur Gomes

Aqui,
redes em pânico
pescam esqueletos no mar 
esquadras – descobrimento
espinhas de peixe 
convento
cabrálias esperas 
relento 
escamas secas no prato
e um cheiro podre no 
AR 

caranguejos explodem 
mangues em pólvora 
Ovo de Colombo quebrado
areia branca inferno livre
Rimbaud - África virgem – 
carne na cruz dos escombros
trapos balançam varais 
telhados bóiam nas ondas 
tijolos afundando náufragos 
último suspiro da bomba
na boca incerta da barra 
esgoto fétido do mundo
grafando lentes na marra
imagens daqui saqueadas 
Jerusalém pagã visitada 
Atafona.Pontal.Grussaí 
as crianças são testemunhas: 
Jesus Cristo não passou por aqui 

Miles Davis fisgou na agulha
Oscar no foco de palha 
cobra de vidro sangue na fagulha 
carne de peixe maracangalha 
que mar eu bebo na telha
que a minha língua não tralha? 
penúltima dose de pólvora
palmeira subindo a maralha
punhal trincheira na trilha
cortando o pano a navalha
fatal daqui Pernambuco 
Atafona.Pontal.Grussaí 
as crianças são testemunhas:
Mallarmè passou por aqui 

bebo teu fato em fogo 
punhal na ova do bar
palhoças ao sol fevereiro 
aluga-se teu brejo no mar 
o preço nem Deus nem sabre
sementes de bagre no porto
a porca no sujo quintal
plástico de lixo nos mangues 
que mar eu bebo afinal?

Artur Gomes In carNAvalha Gumes
http://www.goytacity.blogspot.com

Publicado na Antologia Ineternacional - Eco Arte Para Re-Encantamento do Mundo, organizada pela Bióloga Micelle Sato e editada pela Universidade Federal do Mato Grosso