segunda-feira, 27 de setembro de 2010

terça-feira, 21 de setembro de 2010

sampleAndo

SampleAndo



por enquanto
vou te amar assim em segredo
como se o sagrado fosse
o maior dos pecados originais
e a minha língua fosse
só furor dos canibais

e essa lua mansa fosse faca
a afiar os versos que inda não fiz
e as brigas dde amor que nunca quis
mesmo quando o projeto
aponta outra direção embaixo do nariz
e é mais concreto que a argamassa do abstrato

por enquanto
vou te amar assim adirando o teu retrato
pensando a minha idade
e o que trago da cidade
embaixo as solas dos sapatos

2

o que trago embaixo as solas dos sapatos
é fato. bagana acesa sobra do cigarro
é sarro. dentro do carro
ainda ouço Jimmi Hendrix quando quero
dancei bolero sampleando rock and roll

pra colher lírios
há que se por o pé na lama
a seda pura foto-síntese do papel
tem flor de lótus
nos bordéis Copacabana
procuro um mix da guitarra de Santanna
com os espinhos da Rosa de Noel.

arturgomes
http://blogdabocadoinferno.blogspot.com/



Fulinaimagem


Isdora

onde teus pés bailarina dançam
cato os vestígios do tempo
onde teus olhos bailarina olham
um gato passeia no teu colo
e na vidraça o giz derrama poesia
escritas com punhos de ontem
em tua cidade de serras
onde teus braços bailarina
sustentam tuas mãos que colhem uvas
coloco águas de chuva
para que teus vinhedos não cessem
e deles brotem a flor o fruto sagrado
e os teus segredos guardados
entre os teus lábios de vinho

arturgomes
http://artur-gomes.blogspot.com/

a flor da pele


Viagem interpoética


A lavra da palavra



Porrada llírica


esfinge

o amor não e apenas um nome
que anda por sobre a pele
um dia falo letra por letra
no outro calo fome por fome
é que a pele do teu nome
consome a flor da minha pele

cravado espinho na chaga
como marca cicatriz
eu sou ator ela esfinge
clarisse/beatriz

assim vivemos cantando
fingindo que somos decentes
para esconder o sagrado
em nosso profanos segredos
se um dia falta coragem
a noite sobra do medo

na sombra da tatuagem
sinal enfim permanente
ficou pregando uma peça
em nosso passado presente

o nome tem seus mistérios
que se esconde sob panos
o sol e claro quando não chove
o sal e bom quando de leve
para adoçar desenganos
na língua na boca na neve

o mar que vai e vem não tem volta
o amor e a coisa mais torta
que mora lá dentro de mim
teu céu da boca e a porta
onde o poema não tem fim

artur gomes
http://juras-secretas.blogspot.com/





IMERSÃO

Imerso em águas
mares
reconsidero a permanência
na inconstância
do sal
sobre o corpo: imerso
em águas
doce
na decomposição
do corpo
ao estado
inicial

frágil em minha
permanência.

(Pedro Du Bois, inédito)

http://pedrodubois.blogspot.com/

http://nanquin.blogspot.com/


May interperta artur gomes num filme de Jiddu Saldanha



Jura Secreta 41

porque te amo
e amor não tem pele
nome ou sobrenome
não adianta chamar que ele não vem
quando se quer
porque tem seus próprios códigos
e segredos

mas não tenha medo
pode sangrar pode doer
e ferir fundo
mas é razãode estar no mundo
nem que seja por segundo
por um beijomesmo breve
porque te amo
no sol no sal no mar na neve

Artur Gomes
http://youtube.com/fulinaima


Mário faustino



Jura Secreta 106

ontem sonhei com você noite inteira
teus seios pulsavam em mim
não sei quando então começou
mas sei quando então foi assim

quanto mais pensava dormindo
sabendo meu ser acordado
fizemos amo dois alados
na cama imortal do jardim
os anjos do inferno rezavam
num gozo de nunca ter fim

arturgomes
http://juras-secretas.blogspot.com/



VeraCidade

por quê trancar as portas
tentar proibir as entradas
se já habito os teus cinco sentidos
e as janelas estão escancaradas?

um beija-flor risca no espaço
algumas letras de um alfabeto grego
signo de comunicação indecifrável
eu tenho fome de terra
e esse asfalto sob a sola dos meus pés
agulha nos meus dedos

quando piso na Augusta
o poema dá um tapa na cara da Paulista

flutuar na zona do perigo
entre o real e o imaginário

João Guimarães Rosa Caio Prado
Martins Fontes um bacanal de ruas tortas

eu não sou flor que se cheire
nem mofo de língua morta
o correto deixei na Cacomanga
matagal onde nasci
com os seus dentes de concreto
São Paulo é quem me devora
e selvagem devolvo a dentada
na carne da rua Aurora

Artur Gomes
http://artur-gomes.blogspot.com/

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Sobre pontes que voam

Vagu
ei s
obre águ
as
per
didas,

e des
cobri
que
já tinh
am s
ido

as p
artes
que
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pre
bus
que
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qu
ando
ando
busc
ando
o in
teiro

desc
ubro

o quan
to me
frag
men
tei
.
.
.

Mauro Veras.

Este poema consta do meu livro “bocadotempo”, de 2001, que será relançado em breve, com algumas atualizações. Ao reler os textos, tive vontade de dividi-los ... espero que gostem!

terça-feira, 14 de setembro de 2010

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

do silêncio dos poetas

arturgomes - http://collagensfulinaimicas.blogspot.com/








o poema
recolhe-se
a escuridão
das frestas
enquanto
palavras perambulam
pela cerâmica fria
despedaçam-se
contra a louça suja
acumulada na pia
nem Beethoven
e sua 7ª. sinfonia
nem a eternidade
e sua
falsa homilia
apenas palavras
e silêncio
velas sem ventania
entregues ao sabor
da calmaria
palavras sem morada ou teto
sem significado abstrato
ou concreto
traídas no horto
sedentas de rumo
saudosas de porto
em busca de um poema
seja qual for a métrica
ou o tema
não precisa
ser elegia ou soneto
eu juro
eu prometo
pode ser
em verso livre
como a poesia que vive
na mansão e na rua
pode falar do sol
pode falar da lua
da minha dor
ou da tua
não precisa
ser poema chique
quero apenas
que chegue e fique

Fernando Freire
Samambaia, 05.09.2010




Canção Amiga

Eu preparo uma canção
em que minha mãe se reconheça,
Todas as mães se reconheçam,
e que fale como dois olhos.

Caminho por uma rua
que passa em muitos países.
Se não me vêem, eu vejo
e saúdo velhos amigos.

Eu distribuo um segredo
como quem ama ou sorri.
No jeito mais natural
dois carinhos se procuram.

Minha vida, nossas vidas
formam um só diamante.
Aprendi novas palavras
e tornei outras mais belas.

Eu preparo uma canção
que faça acordar os homens
e adormecer as crianças.

Drummond
Ver-te. Tocar-te. Que fulgor de máscaras.
Que desenhos e rictus na tua cara
Como os frisos veementes dos tapetes antigos.
Que sombrio te tornas se repito
O sinuoso caminho que persigo: um desejo
Sem dono, um adorar-te vívido mas livre.
E que escura me faço se abocanhas de mim
Palavras e resíduos. Me vêm fomes
Agonias de grandes espessuras, embaçadas luas
Facas, tempestade. Ver-te. Tocar-te.
Cordura.
Crueldade.

Hilda Hilst

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

jura secreta in saquarema



meus lábios em teus ouvidos
flechas netuno cupido
a faca na língua a língua na faca
a febre em patas de vaca
as unhas sujas de Lorca
cebola pré sal com pimenta
tempero sabre de fogo
na tua língua com coentro
qualquer paixão re/invento

o corpo/mar quando agita
na preamar arrebenta
espuma esperma semeia
sementes letra por letra
na bruma branca da areia
sem pensar qualquer sentido
grafito em teu corpo despido
poemas na lua cheia

arturgomes
http://musadaminhacannon.blogspot.com